Via Esquerda.net
Louçã, Rosas e Fazenda juntaram-se numa sessão pública para responder à pergunta "Por que agora?". Fundadores falam dos fracassos do Partido Socialista e da ameaça neofascista internacional com articulação nacional.
Os fundadores do Bloco de Esquerda que agora são candidatos à Assembleia da República pelos círculos eleitorais de Braga, Aveiro e Leiria, apresentaram ontem as suas candidaturas num evento público com o título “Por que agora?”. Luís Fazenda, Francisco Louçã e Fernando Rosas voltam às listas para o parlamento para combater a extrema-direita e o “neofascismo que ameaça devastar a esquerda”.
Luís Fazenda, candidato pelo círculo de Aveiro, sublinhou que vivemos um “novo momento” em que é preciso “combater o neofascismo” que ameaça “derrotar, isolar e devastar a esquerda” arrastando “todos os direitos constitucionais, toda a democracia política, toda a capacidade de resistência e de autodeterminação do povo português”.
“As ameaças não são vãs, elas preparam-se no tempo para aqueles que, incautamente, um dia dizem «ah, isto aconteceu». Mas não pode ser assim, e nós cá estamos para esta nova urgência”, explicou Fazenda, lembrando que o Bloco surgiu em 1999 para “combater o neoliberalismo que abria caminho à direita”.
O ex-coordenador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, que é candidata por Braga, afirmou que o partido “não vai com medo nenhum para esta campanha” e está pronto para “fazer a luta toda”. O fundador já tinha declarado que se juntava novamente às listas devido ao avanço da extrema-direita por todo o mundo.
“Se não perceberam que o ascenso da extrema-direita começa em Washington e se arrasta pelo mundo com os Mileis, Le Pens, Venturas, com a política da discriminação, com o ódio, com a perseguição, então a política fica num mundo ‘zombie’”, defendeu.
Mas os avisos não ficaram pela extrema-direita. Fernando Rosas criticou o Partido Socialista por ter aprovado a nova lei dos solos, por ter mudado a sua posição sobre a imigração e por apoiar o rearmamento da Europa. O candidato por Leiria disse ser uma “fábula absoluta” dizer que “se pode rearmar, comprar equipamento novo, tudo, etc, sem mexer no Estado Social, é mentira, é completamente mentira”.
“Uma esquerda digna desse nome não se rende, uma esquerda digna do compromisso que tem com o povo não se rende. Vamos para os distritos onde queremos eleger gente novamente, vamos dar a cara, vamos para o terreno, vamos dar testemunho”, acrescentou o fundador do partido, que já foi deputado e candidato à Presidência da República.