Via Esquerda.net
Os seus parceiros de coligação tinham aceitado as medidas anti-imigração do partido de extrema-direita nas negociações do programa de governo. Mas Wilders quis provocar a queda do governo e avançou com novas exigências que queria implementadas de imediato.
Pelas redes sociais, o dirigente da extrema-direita Geert Wilders anunciou que o seu partido, o “Partido da Liberdade”, PVV, abandonaria a coligação governamental dos Países Baixos por causa da questão da imigração. O primeiro-ministro Dick Schoof ainda tinha marcado uma reunião de emergência entre os quatro parceiros de governo para evitar a queda do executivo mas Wilders apenas entrou e saiu dela imediatamente sem intenções de discutir o que já tinha decidido.
O chefe da extrema-direita tinha antes apresentado um plano de dez pontos que visava criar o que chamou de “política de imigração mais rigorosa jamais vista” e ameaçou em seguida sair do governo caso este não fosse passado à prática em semanas. Entre as suas propostas contavam-se medidas como o fechamento de fronteiras para qualquer requerente de asilo, a deportação de cidadãos com dupla nacionalidade que sejam condenados por crime, o fim do princípio do reagrupamento familiar e o encerramento dos centros de apoio a requerentes de asilo.
Enquanto alguns dos apoiantes do governo notavam que várias destas medidas já constavam do acordo de Governo e as outras tinham sido afastadas durante a negociação deste, de fora, especialistas consultados pela France-Presse e pelo Guardian sublinhavam que várias destas propostas eram simplesmente “impraticáveis ou ilegais”, violando as leis europeias sobre direitos humanos ou a Convenção da ONU sobre refugiados. Todos concordam que o ultimato apresentado seria apenas um pretexto para fazer cair o governo que tomou posse em julho de 2024 depois de um impasse de meses. O governo que contava com os conservadores-liberais do VVD, o Movimento Cidadãos Camponeses e o Novo Contrato Social só avançou porque à frente ficou uma figura independente.
O PVV tinha sido o partido mais votado nas últimas eleições de finais de 2023 e espera capitalizar a queda do governo nas eleições legislativas que se devem seguir.
Jimmy Dijk, líder do Partido Socialista, o maior da oposição, afirma que o país foi “libertado de uma situação de reféns políticos” em que “quatro partidos de direita quezilentos não alcançaram nada”.