Argentina: Milei apresenta orçamento para 2025 e defende ‘algemar o Estado’

Presidente expôs projeto que deve estabelecer ‘escudo fiscal’, além de prometer ousada proposta para limitar gastos estatais equivalente aos recursos captados.

O presidente da Argentina, Javier Milei, apresentou ao Congresso neste domingo (15/09) o projeto de orçamento do seu governo para o ano de 2025, defendendo “colocar uma algema ao Estado”.

“Depois de anos em que a classe política viveu algemando as liberdades individuais, hoje viemos aqui para colocar uma algema ao Estado. Este projeto orçamentário que hoje apresentamos tem uma metodologia que protege o equilíbrio fiscal independentemente do cenário econômico“, afirmou o mandatário no início de seu discurso aos legisladores.

Ao apresentar o plano, o governante de extrema direita rompeu com a tradição de Buenos Aires, na qual o ministro da Economia é quem defende o plano de gastos do próximo ano perante o Congresso.

Segundo Milei, a classe política é a “raiz principal” do déficit argentino em função de seu “apetite insaciável por gastos”. Assim, garantiu estabelecer um “escudo fiscal” contra as mudanças macroeconômicas.

O presidente argentino pretende que os gastos do Estado para o próximo ano cumpram a sua promessa de “déficit zero”, o que implica limitar o uso público de recursos ao que é captado.

A proposta, que visa um superávit equivalente a 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) antes dos pagamentos de juros em 2025, também faz projeções ambiciosas de uma recuperação econômica e uma forte desaceleração da inflação.

Ela prevê um crescimento de 5,0% no próximo ano, após uma contração esperada de 3,8% neste ano. Ainda segundo o plano, a previsão é de que os preços devem subir apenas 18,3% no ano de 2025, após a inflação esperada de 122,9% neste ano.

Em seu discurso, Milei ainda defendeu que a aplicação do escudo fiscal deve, além de reduzir a taxa de juros, “aumentar investimento, produtividade, salários reais e, em última análise, a queda da pobreza e da miséria”.

“A decisão é sua”, convocou Milei aos legisladores em um discurso de 43 minutos. Entre as acusações contra a abordagem econômica do presidente está a dificuldade de flexibilizar os gastos em caso de possíveis imprevistos, que poderiam repercutir, por exemplo, em aposentados ou funcionários públicos.

(*) Com Sputnik