Eleições na Espanha: direita à frente por pequena margem

Com 99% das urnas apuradas, conservador Partido Popular (PP) tem 32,9% dos votos, na frente do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), com 31,8%

Via Opera Mundi

Com mais de 99% dos votos apurados, o conservador de direita Partido Popular (PP) venceu as eleições antecipadas na Espanha neste domingo (23/07), mas ficou aquém da maioria necessária para governar sem uma coalizão.

O PP, de Alberto Núñez Feijóo, teve 32,9% dos votos, ficando um pouco à frente do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de esquerda, do atual primeiro-ministro Pedro Sánchez, que teve 31,8%.

Isso deu ao PP 136 assentos na câmara baixa e ao PSOE, 122 assentos.

O Congresso é formado por 350 cadeiras e, portanto, são necessários 176 deputados para maioria absoluta. Desta forma, ambos os partidos precisariam do apoio de legendas menores para formar uma coalizão e poder governar.

O Vox, de extrema direita, que se ofereceu para se aliar ao PP, deve conquistar 33 cadeiras. Mas esse apoio por si só não seria suficiente para o bloco de direita conquistar o poder. No entanto, se essa parceria for confirmada no futuro, será a primeira vez que um partido de extrema direita entraria no governo da Espanha desde o fim da ditadura de Francisco Franco, na década de 1970.

A esquerda Sumar, que apoiava os socialistas, deve conquistar 31 cadeiras, de acordo com os resultados parciais.

As pesquisas pré-eleitorais sugeriam que o PP ficaria em primeiro lugar, mas era improvável que garantisse maioria absoluta e pudesse depender do apoio do Vox para formar um governo.

Em entrevista publicada n sexta-feira no jornal El Mundo, Feijóo afirmou que um candidato não deveria divulgar suas alianças dois dias antes de uma eleição e acrescentou que um governo com o VOX "não seria o ideal".

No entanto, PP e VOX já se uniram para governar em dezenas de regiões e cidades desde as eleições locais de maio.

O apoio dos espanhóis ao partido anti-islã e antifeminista está em declínio. Na última eleição, em novembro de 2019, o VOX conquistou 52 cadeiras - 19 a mais do que neste domingo.

Por sua vez, para governar, o PSOE precisaria contar com o apoio do novo movimento chamado Sumar, que reuniu 15 pequenos partidos de esquerda para tentar formar um governo.

Estas são as 26ª eleições gerais na Espanha desde o fim da ditadura, em 1977. Estavam aptos a votar 37,4 milhões de eleitores e compareceram às urnas cerca de 53%.

As eleições estavam previstas para dezembro, no final da legislatura, mas foram antecipadas por Sánchez na sequência da derrota da esquerda nas municipais e regionais de 28 de maio e na esperança de barrar um crescimento da direita.

A eleição também ocorreu no auge do verão, quando um número significativo de eleitores pode estar longe de seus locais habituais de votação devido a férias e em meio a um mês de ondas de calor.

Ânimos acirrados

Mais de 5 mil pessoas, entre elas várias que se deslocavam para votar, sofreram com uma avaria ferroviária na linha Madri-Valência, quebrando o clima de tranquilidade deste domingo de eleições.

Segundo relatou a empresa ferroviária pública Renfe, um incêndio ocorrido no sábado à noite em uma caixa de força que requereu a intervenção dos bombeiros provocou a suspensão da circulação devido às chamas, à fumaça e ao alagamento do túnel pela água utilizada para apagar o fogo.

De acordo com estimativas da Renfe, que também ofereceu sua colaboração a operadores privados, o serviço foi "totalmente suspenso" e os passageiros receberam soluções alternativas em outros trens ou ônibus.

O incidente gerou preocupação entre os eleitores e políticos e representantes públicos, como a prefeita de Valência, a conservadora María José Catalá, que cobrou alternativas para que nenhum eleitor ficasse sem exercer seu voto.

A origem do problema foi um incêndio, cujas causas ainda estão sendo investigadas, que desativou as bombas que permitem a drenagem deste túnel.