Especial COP 30: A urgência climática na ordem do dia para os socialistas

Redação Radar Internacional

Em novembro deste ano será realizada em Belém do Pará, a COP 30, reunião de chefes de Estado para debater medidas em relação ao avanço da crise climática. Em paralelo também deverá ser realizada a cúpula dos Povos, encontro dos movimentos sociais e ambientalistas que procuram debater sob uma ótica de campanhas mobilizadoras.

O momento é dramático. Já estamos em meio a emergência climática demonstrada de forma tragicamente prática, seja pelo aumento da temperatura média no planeta, seja pelas catástrofes com enormes consequências sociais e humanitárias que ocorrem em larga escala, em vários continentes com vários eventos em intervalos cada vez mais curtos. São múltiplos exemplos, das enchentes no Rio Grande Sul, aos incêndios no Canadá e em Los Angeles, passando pelo aumento da desertificação da floresta amazônica e pelos alarmantes dados sobre o derretimento de geleiras nos extremos do globo, que poderão elevar a centenas de milhões o número de refugiados climáticos nas próximas décadas.

A situação se agrava com a combinação de avanço da extrema direita e o aumento do caos climático. Melhor expressão que o governo Trump para simbolizar esta ameaça é impossível. Seu negacionismo com o avanço da emissão dos gases do efeito estufa (fundamental para o aumento constante da temperatura) com a exploração dos combustíveis fósseis (responsáveis por 75% da emissão do CO2 na atmosfera) é um caminho para o abismo.

Trump aposta na ampliação da exploração dos combustíveis fósseis, rechaça qualquer tipo de transição energética, retira os EUA dos acordos e fóruns de combate à crise climática (ainda que muito paliativos) e faz ameaças delirantes, como a tomada da Groenlândia. Estamos falando de um setor da economia capitalista, representado por essa extrema direita, que comemora o derretimento do gelo no polo Norte por abrir novas rotas de navegação e exploração do petróleo. Por isso a ambição imperialista de “anexar” a Groelândia

Portanto, devido a importância e urgência da pauta climática em ano deste importante evento, a COP 30, em nosso país, o Radar Internacional passa a ter um olhar prioritário sobre a crise climática em um tipo de contagem regressiva para a COP 30. Publicaremos regularmente artigos que abordam a monumental crise ambiental que já estamos vivenciando.

Mais do que a análise e acompanhamento dos eventos, este espaço será dedicado também a apresentar propostas e saídas para o caos climático, de um ponto de vista dos povos e das classes trabalhadores do mundo.

Do nosso ponto de vista a chave para a busca de uma solução profunda e radical para este cenário é o ecossocialismo e uma profunda transição energética, produtiva, de padrão de civilização na direção da superação da utilização dos combustíveis fósseis, que não será possível sob bases capitalistas, especialmente em tempos de ascensão da extrema direita. Portanto, a luta contra o caos climático para deter os elementos de distopia que já assombram o planeta vai exigir reflexão, debate, elaboração, mobilização. É parte também da luta para derrotar a extrema-direita.

Para dar o pontapé inicial nessa contribuição que o Radar pretende dar, publicamos dois artigos: um de Michel Lowy, teórico do ecossocalismo que busca aqui aprofundar a sua base teórica e um artigo assinado por Carlos Nobre e Flamínio Levy Neto, onde os autores debatem a possibilidade concreta do planeta ter energia limpa.