Governo Lula diz que invasão de missão de paz da ONU no Líbano por sionistas é inaceitável

Plinio Teodoro

 

Em nota divulgada pelo Itamaraty nesta segunda-feira (14), o governo Lula condenou "veementemente a invasão ontem, 13/10, de base da missão de paz da ONU no Líbano (UNIFIL) pelas forças armadas de Israel".

"Ataques deliberados contra integrantes de missões de manutenção da paz e instalações da ONU são absolutamente inaceitáveis e constituem grave violação do Direito Internacional, do Direito Internacional Humanitário e das resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Como tradicional participante de forças de paz da ONU, incluída a UNIFIL, cuja força-tarefa marítima foi liderada por militares brasileiros entre 2011 e 2021, o Brasil repudia as violações sistemáticas verificadas nos últimos dias", diz o texto.

A ONU denunciou neste domingo a invasão da Força Interina das Nações Unidas no Líbano, a Unifil, pelo exército sionista de Benjamin Netanyahu em mais um degrau da escalada de ataques ao organismo multilaterial pelo governo israelense.

Nos dias anteriores, os sionistas feriram cinco capacetes azuis, como são chamados os missionários das missões de paz da ONU, no Líbano.

Em sua defesa, o Exército de Israel disse que invadiu a base da missão de paz da ONU sem querer, colidindo com os portões ao tentar fugir de um suposto ataque do Hezbollah.

No entanto, a ONU desmentiu os sionistas dizendo que os soldados de Israel chegaram a conversas com soldados da Unifil, pedindo que desligassem as luzes da base, antes da invasão. Após a invasão, os tanques ficaram por 45 minutos na base.

"O governo brasileiro também deplora manifestação do governo israelense, na qual apela pela retirada da UNIFIL do sul do Líbano. A missão de paz foi estabelecida em 1978 pelo Conselho de Segurança e atua desde então na manutenção da paz e da segurança no sul do Líbano. A missão apoia o governo do Líbano na restauração de sua autoridade na área; facilita o retorno de civis deslocados; presta assistência humanitária; e busca garantir que a área não seja usada por grupos armados", diz o governo brasileiro.

Na nota, o Itamaraty ainda reafirma a versão da ONU, de que "dois tanques destruíram o portão principal e invadiram uma base da UNIFIL, onde ficaram 45 minutos, e disparos a tiros foram realizados nas proximidades. Trata-se do terceiro dia com registros de ataques de forças israelenses a integrantes ou instalações da UNIFIL desde a semana passada. Cinco integrantes da missão de paz foram feridos nesses ataques".

"A segurança do pessoal e da propriedade ONU deve ser garantida. A inviolabilidade das instalações da ONU deve ser respeitada em todos os momentos. Ataques contra forças de paz violam o direito internacional e podem constituir um crime de guerra", escreveu o secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, que foi considerada persona non grata por Israel, na rede X.