Via Esquerda.net
Soldados israelitas fortemente armados entraram na sede da televisão Al Jazeera em Ramallah, entregando ao chefe de redação uma ordem para encerrar a atividade e evacuando todo o pessoal da estação televisiva do local, apenas lhes permitindo levar objetos pessoais.
Segundo a própria estação, a ordem de encerramento acusa a Al Jazeera de incitamento e apoio ao terrorismo. Em seguida, cita o académico Rami Khouri, da Universidade Americana de Beirute, a explicar que a verdadeira razão será o facto de a Al Jazeera ser “o principal instrumento para informar o mundo” sobre as violações dos direitos humanos no território palestiniano.
Testemunhas afirmam uma das primeiras coisas que os soldados fizeram dentro das instalações foi rasgarem um cartaz com a cara da jornalista Shireen Abu Akleh, uma das quatro vítimas assassinadas pelas tropas de Israel quando estavam ao serviço da Al Jazeera.
Em maio passado, o parlamento israelita aprovou uma lei que ficou conhecida como a “lei Al Jazeera” e que permite ao governo encerrar por 45 dias qualquer meio de comunicação social estrangeiro que seja considerado uma ameaça ao estado israelita. A ordem foi executada a 5 de maio no estúdio da estação em Israel e tem sido renovada desde então. Mas no caso deste domingo, ela não se aplica porque o estúdio está em território supostamente administrado pela Autoridade Palestiniana.
Uma das primeiras coisas que o governo sionista procurou assegurar no genocídio em Gaza foi evitar que os seus crimes de guerra ficassem documentados em imagens. Para isso impediu a entrada de jornalistas na Faixa de Gaza desde o início dos bombardeamentos, ao mesmo tempo tornando os jornalistas que já lá se encontravam em alvos das suas bombas.
Agora que a guerra avança para o norte e que na Cisjordânia começam a aparecer imagens dos crimes de guerra ali cometidos - como a dos soldados israelitas a atirarem de cima de um telhado os corpos de três palestinianos mortos, a fazer lembrar o que o Estado Islâmico fazia na Síria -, aumenta também a repressão contra os jornalistas naquele território onde já morreram 690 pessoas desde 7 de outubro e os raides e ataques dos militares se sucedem a um ritmo diário.