Liberais e extrema direita juntos no governo anti-imigração

Depois de as eleições de novembro terem colocado a extrema-direita do PVV na primeira posição, elegendo 37 dos 150 lugares no Parlamento, depressa o seu líder Geert Wilders, que ganhou projeção com o discurso anti-islâmico, percebeu que a melhor forma de conseguir governar era afastar-se da corrida a primeiro-ministro. Mesmo assim foram necessários seis meses para fechar um acordo que inclui os liberais do VVD - do ainda primeiro-ministro Mark Rutte -, o Novo Contrato Social (NCS) dissidentes da democracia-cristã. e os populistas do Movimento Agricultor-Cidadão (BBB).

O acordo anunciado por Wilders inclui medidas para limitar ainda mais os requerentes de asilo, acabar com a reagrupamento familiar dos refugiados e reduzir o número de estudantes internacionais nos Países Baixos. O futuro governo, cujo líder ainda será escolhido, irá pedir à Comissão Europeia “o mais rápido possível” a saída do país das regras comuns sobre política de asilo. “Tentaremos conseguir a chamada revogação sobre o asilo, como a que os dinamarqueses têm. Mas, caso funcione, pode levar anos para conseguir”, reconheceu Wilders. O primeiro nome a reunir consenso para liderar o executivo já abandonou a corrida. O diretor de oncologia do Centro Médico da Universidade de Amesterdão, Ronald Plasterk, viu o seu nome envolvido nos últimos dias numa polêmica em torno de uma patente para o tratamento do cancro, que teria reclamado sozinho, deixando de fora o hospital e outro investigador, ao mesmo tempo amealhando milhões de euros para a sua empresa.

O líder do PVV garantiu que “o que temos hoje no nosso acordo é realmente a política mais dura contra o asilo que já foi aplicada nos Países Baixos”, incluindo o reforço do controlo de fronteiras e a deportação “à força, se necessário” das pessoas sem visto de residência no país. O apoio ao regime sionista é outro fator a unir estes partidos, com a promessa de analisar a transferência da embaixada neerlandesa de Telavive para Jerusalém, um pedido de Netanyahu que contribuiu para exacerbar o conflito com os palestinianos.