Via Opera Mundi
A França registrou nesta quinta-feira (23/03) mais um dia de manifestações contra a reforma da Previdência apresentada pelo presidente Emmanuel Macron, que a aprovou através da aplicação do artigo 49.3 da Constituição francesa, que permite sancionar um projeto de lei sem que seja votado no Parlamento.
Com a medida, as centrais sindicais convocaram atos em toda França, marcando o nono dia de manifestações em pouco mais de dois meses contra a reforma.
Por sua vez, a imprensa francesa relatou bloqueios em refinarias, portos, rodovias e universidades, entre outros. A polícia francesa foi notificada que mais de 200 protestos estão programados para acontecer no país, sendo que também é esperada uma marcha em Paris, capital da França.
Os sindicatos esperam que a mobilização seja "crucial" para manter os protestos nas ruas, declarando que as manifestações contra a reforma da Previdência tendem a se tornar mais radicais e fragmentadas.
Dentre diversos pontos, a reforma da Previdência de Macron adia a idade de aposentadoria dos 62 para os 64 anos até 2030 e antecipa para 2027 a exigência de contribuição por 43 anos - ante 42 atualmente - para receber a aposentadoria de forma integral.
A polêmica reforma é rechaçada por grande parte da cidadania, sentimento que aumentou após o governo utilizar uma manobra para aprová-la.
Por conta disso, duas moções de censura foram votadas contra o governo, ambas rejeitadas. A primeira obteve 278 votos, faltando apenas nove para que fosse adotada. A segunda obteve apenas 94 votos.
As duas moções foram registradas na semana passada após o uso do artigo 49.3, a primeira foi pelo grupo de deputados independentes Liot e a segunda pelo partido de extrema direita Reunião Nacional.
Macron: reforma da Previdência 'seguirá seu caminho'
O presidente da França fez um pronunciamento à nação na quarta-feira (22/03) sobre a reforma e a derrota das moções ao governo e ressaltou que a mudança "seguirá seu caminho”.
Apesar de protestos contra essa decisão em todo o país, Macron afirmou que a mudança na aposentadoria é "interesse superior da nação".
Macron ainda questionou a população: "vocês acham que eu gosto dessa reforma? A resposta é não. Poderia ter colocado o problema embaixo do tapete, como muitos antes de mim fizeram. Mas a reforma não é um luxo, é necessária para voltar a dar equilíbrio para o sistema”.
Sobre as manifestações, o mandatário da França disse que as “respeita”, mas condenou a violência.