Mali volta a acusar Kiev de colaborar com 'operações terroristas'

Ação militar do país africano encontrou documentos que revelam suposta ligação de grupos jihadistas com inteligência ucraniana.

O governo do Mali voltou a acusar nesta quinta-feira (05/06) o Serviço de Inteligência ucraniano de participar de um treinamento de jihadistas no país. A informação foi publicado pelo veículo local Bamada.

Por conta do aumento de ataques terroristas no país, as Forças Armadas malinesas realizaram uma operação antiterrorista e perceberam a utilização de drones e tecnologia moderna pouco utilizada anteriormente pelos grupos mercenários.

O Exército malinês também encontrou documentos que revelam uma suposta ligação de grupos extremistas com os serviços de Kiev, além de um drone com inscrições em ucraniano. As denúncias ainda envolvem o fornecimento de treinamento, equipamento, apoio logístico e tático e coordenação para ataques a posições militares malês, de acordo com a agência russa RIA Novosti.

Os veículos locais também informaram que a inteligência ucraniana tem cooperado com o Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (JNIM), uma aliança formada por grupos jihadistas e ligada à Al-Qaeda.

De acordo com a agência russa, a Diretoria Principal de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia forneceu drones Mavic 3 ao grupo jihadista malinês “Frente para a Libertação de Azawad” (FLA) via Mauritânia. Parte do equipamento foi transferida aos terroristas pelo JNIM.

A investigação do jornal russo também afirma que estão preparando uma grande operação em Kidal envolvendo membros do FLA e do JNIM, com o apoio de conselheiros militares ucranianos e franceses.

Relação da Ucrânia e Mali

Não é a primeira vez que o governo do Mali acusa os grupos extremistas de se relacionarem com o Serviço de Inteligência de Kiev. Em abril, o chanceler malês, Abdoulaye Diop, afirmou ter provas fotográficas e em vídeo de que a Ucrânia estaria enviado armamentos a grupos terroristas que operam na região do Sahel, no norte da África.

Na época, o diplomata alegou que seu país iniciou investigações e acrescentou a possibilidade de pedir a ajuda de Moscou, caso seja necessário.

Em julho de 2024, uma tropa do Exército malinês e os russos do Grupo Wagner sofreram uma emboscada por rebeldes pró-independência do Quadro Estratégico para a Defesa do Povo de Azawad (CSP-DPA) perto de Tin Zaouatine, uma cidade na fronteira entre Mali e Argélia, segundo o jornal francês Le Monde.

Em uma transmissão na TV local, Andriy Yusov, porta-voz do serviço de inteligência militar da Ucrânia (GUR), fez uma declaração 48 horas depois sugerindo que seus serviços estavam colaborando com os rebeldes que operam no norte do Mali. Segundo Yusov, “receberam informações úteis, e não apenas aquelas que lhes permitiram realizar uma operação militar bem-sucedida contra criminosos de guerra russos”.

O veículo da França revelou que um comandante rebelde diz que “trocas” estão ocorrendo com os serviços de inteligência ucranianos para ver como podem se relacionar. “Temos ligações com os ucranianos, mas assim como temos com todos os outros, franceses, norte-americanos e outros”, contrapõe Mohamed Elmaouloud Ramadane, porta-voz do CSP-DPA.

Já em novembro de 2023, vídeos divulgados pelo Kyiv Post, o principal jornal de língua inglesa da Ucrânia, revelaram que as Forças Especiais foram enviadas para o Sudão, iniciando uma nova frente na África, com o objetivo de combater os terroristas russos.

(*) Com Al Mayadeen e RIA Novosti