Multidão lota estádio no Níger em apoio ao levante militar e repúdio a ultimato da França

Victor Farinelli

 

A cidade de Niamey, capital do Níger, viveu uma jornada de mobilização popular neste domingo (06/08), quando milhares de pessoas marcharam do Centro da metrópole nigerina até o Estádio General Seyni Kountché, onde se realizou um ato político em favor do levante militar, que derrubou o governo de Mohamed Bazoum e instalou no poder a junta militar liderada pelo general Abdourahmane Tchiani.

O ato serviu para mostrar o apoio popular do país ao novo governo, depois do ultimato feito no dia anterior pelo governo da França, através da chanceler Catherine Colonna, que deu prazo até este domingo para que a junta militar nigerina reconduzisse Bazoum ao poder. Caso contrário, Paris assegura que apoiará uma intervenção militar, não do exército francês, mas de forças armadas dos países da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao).

A julgar pelas cenas reportadas em Niamey, a ameaça francesa reforçou o repúdio de grande parte da população ao antigo colonizador do país.

Em meios aos discursos de Tchiani e do coronel major Amadou Abdramane – líder da operação que culminou no sequestro e deposição do ex-mandatário Bazoum –, se ouviram fortes vaias cada vez que os discursantes mencionavam a França ou a Cedeao. O principal grito entoado pelo público, segundo a imprensa local, foi o de França imperialista.

Além disso, tanto na marcha quanto no ato se observou uma grande quantidade de pessoas levando bandeiras da Rússia, além das bandeiras do Níger.

 

Ultimato francês

A ameaça francesa diz respeito a uma possível ação militar no Níger que teria início nesta segunda-feira (07/08), caso a junta militar mantenha o ex-presidente Bazoum sequestrado e impedido de retornar ao poder no país – o que, ao parecer, é o que vai acontecer, segundo as palavras do general Tchiani durante o ato.

Porém, os países que participariam dessa tentativa de invasão a Niamey seriam Benim, Costa do Marfim, Senegal e Nigéria.

Representantes dos governos desses quatro países confirmaram sua disposição em formar parte da operação contra o levante nigerino. No caso da Nigéria, o presidente do país, Bola Tinubu, enviou um pedido formal ao Senado do país solicitando uma autorização para realizar o ataque.

Vale lembrar que o levante militar no Níger é o quinto observado na região da África Ocidental desde 2020. Anteriormente, foram registrados ações insurgentes semelhantes em Mali, Guiné, Burkina Faso e no Chade.


Com informa´ções de Al Jazeera e TeleSur.