Netanyahu rejeita pressão internacional e confirma ofensiva terrestre israelense em Rafah

Com informações de RFI

Imagem: Reprodução UOL

No último domingo, 17/03, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu rejeitou a pressão internacional por um cessar-fogo em Gaza e declarou a realização de uma invasão terrestre em Rafah. Segundo a ONU, quase 1,5 milhão de habitantes se refugiam na cidade ao sul de Gaza, onde a operação será realizada. Uma delegação israelense irá ao Catar, onde serão realizadas novas negociações para uma trégua na ofensiva do exército israelense.

 

Segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, mais de 90 palestinos, incluindo 12 pessoas da mesma família, foram mortos nos incansáveis ataques aéreos israelenses no último fim de semana em Gaza. Diante do aumento da pressão internacional pelo cessar-fogo, Netanyahu não dá sinais de que vai parar os bombardeios, sob a alegação de que isso poderia significar que “Israel perdeu a guerra”.

 

Para o primeiro-ministro israelense, a incursão terrestre realizada pelo Hamas no dia 7 de outubro de 2023 representa “o mais terrível ataque contra os judeus realizado desde o Holocausto” e que a pressao internacional deveria se voltar para o Hamas e o Irã.

 

Proposta de trégua é interrompida

 

O chefe do Mossad, serviço de inteligência israelense, David Barnea, coordena a delegação israelense responsável por uma trégua em Gaza. Até o momento, o plano de três fases apresentado pelo Hamas não conseguiu convencer as autoridades israelenses e as discussões seguem há semanas sem avançar.

 

A proposta apresentada pelo Hamas é de uma trégua gradual em três fases. A primeira é a retirada do exército israelense de Salah al-Din Boulevard - a principal estrada que atravessa Gaza de norte a sul - e a permissão do retorno de pessoas deslocadas e da ajuda humanitária. Foi nesse ponto que as trocas começaram: o Hamas se comprometeu inicialmente a libertar os reféns israelenses mais vulneráveis - mulheres, crianças, idosos e doentes - em troca de um máximo de mil prisioneiros palestinos mantidos em Israel.

 

Para a segunda fase, o Hamás aumenta as apostas em relação aos soldados israelenses mantidos como reféns. Para o movimento, eles não farão parte das negociações até que um cessar-fogo permanente seja declarado.

Por fim, na terceira e última fase, se todas as condições forem atendidas, o processo de reconstrução de Gaza e o fim do cerco israelense poderão começar. Benjamin Netanyahu acredita que tudo isso é irrealista e seu objetivo é destruir o Hamas. Seu gabinete de segurança deve entregar um roteiro à delegação que parte para o Catar.

Pressões internacionais

 

O governo estadunidense vem alertando há várias semanas sobre o risco para a população civil de Rafah e na sexta-feira, 15/03, a Casa Branca exigiu ver os “planos” de Israel para essa ofensiva.

Netanyahu anunciou na sexta-feira que havia aprovado os “planos de ação” do exército para o “lado operacional” e a “evacuação da população”, sem dar mais detalhes. Após esse anúncio, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha insistiu que tal ofensiva “não poderia ser justificada”.

 

De acordo com o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, “os Estados Unidos não podem apoiar uma operação em Rafah que não inclua um plano viável, verificável e alcançável que leve em conta os 1,5 milhão de pessoas que estão tentando encontrar refúgio em Rafah”. No último domingo, Kirby enfatizou que Washington ainda não recebeu um “plano confiável” de Israel para fazer isso.