Papa apela a desarmamento e a cessar-fogo em Gaza

Francisco diz que “não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento! A necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não se pode transformar numa corrida generalizada ao armamento” e critica o desprezo “em relação aos mais fracos, marginalizados e migrantes”.

Num contexto de corrida ao armamento, o Papa Francisco dirigiu este domingo uma mensagem dissonante de paz e desarmamento a partir do Vaticano.

Com a saúde debilitada, aos 88 anos, o chefe da Igreja Católica fez uma breve aparição no balcão da Praça de São Pedro, a partir de onde desejou “Feliz Páscoa” e acenou aos presentes. Não dirigiu a missa da Páscoa e a habitual mensagem Urbi et Orbi foi lida por Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, em seu nome, antes de saudar os fiéis a partir do papamóvel.

Nela lançou um apelo dirigido aos responsáveis políticos para que não cedam à lógica do medo, mas usem os recursos disponíveis para ajudar os necessitados, combater a fome e promover iniciativas que favoreçam o desenvolvimento.

Bergoglio, para além das mensagens religiosas da época, escreveu: “Quanta violência vemos com frequência também nas famílias, dirigida contra as mulheres ou as crianças! Quanto desprezo se sente por vezes em relação aos mais fracos, marginalizados e migrantes!”

O seu apelo foi “a ter esperança de que a paz é possível”, tendo enumerado vários dos conflitos que se vivem atualmente. Para ele, “não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento! A necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não pode transformar-se numa corrida generalizada ao armamento”.

O apelo ao cessar-fogo em Gaza e o breve encontro com o vice-presidente dos EUA

Segundo o Papa, ainda na mensagem lida este domingo, a situação em Gaza é “dramática e deplorável”.

Apelou assim igualmente apelado a um cessar-fogo em Gaza, à libertação de reféns e que “venham em auxílio de um povo faminto que aspira a um futuro de paz”.

Antes disso, tinha tido um também breve encontro de “alguns minutos” com JD Vance, o vice-presidente dos EUA que se converteu ao catolicismo em 2019. Esta reunião, de acordo com os serviços do Vaticano, serviu apenas “para trocar saudações de Páscoa”.

De fora da conversa deverão assim ter ficado as críticas que Francisco tem vindo a lançar à política de deportações em massa de migrantes da extrema-direita norte-americana.

No sábado, Vance já se tinha encontrado com o secretário de Estado e o ministro das Relações Exteriores do Vaticano. O Vaticano tinha emitido então uma nota em que manifestava a sua preocupação com a repressão de migrantes desencadeada em larga escala por Trump e com os cortes na ajuda humanitária, escrevendo-se que “houve uma troca de opiniões sobre a situação internacional, especialmente em relação aos países afetados por guerras, tensões políticas e situações humanitárias difíceis, com atenção especial aos migrantes, refugiados e prisioneiros”.