Via Opera Mundi
Centro de Estudos de Opinião Pública aponta queda de 20 pontos na expectativa econômica em meio caso de corrupção e derrotas no Congresso
A popularidade do presidente argentino Javier Milei atingiu seu nível mais baixo desde o início do seu governo. Pesquisa do Centro de Estudos de Opinião Pública (CEOP) revela que 53,8% dos argentinos avaliam sua gestão como “muito ruim” e que apenas 39,2% ainda mantém uma visão positiva.
Na soma dos que consideram o desempenho “ruim” ou “regular negativa”, a desaprovação ultrapassa 60%, confirmando a tendência apontada anteriormente pela pesquisa Latam Pulse, divulgada em meados de setembro.
O CEOP observa uma grande queda nas expectativas econômicas dos argentinos. Em julho, 47% dos entrevistados acreditavam em uma recuperação nos próximos meses; em setembro, o número caiu para 27,5%, uma redução de quase 20 pontos em apenas dois meses.
Segundo o diretor da entidade, Roberto Bacman, a economia ocupa o centro das preocupações dos argentinos. “Nada menos que 56% acreditam que o curso da economia deve ser mudado. E isso é dito por quem está nas faixas de renda mais baixa, justamente quem votou em Milei no segundo turno”, alertou ao veículo argentino Página 12.
“Na pesquisa, vê-se que há 60% de opiniões negativas, mas 54% desse grupo descreve a gestão de Milei como ‘muito ruim’. Por outro lado, dos 39% que a consideram boa, apenas 7% a consideram ‘muito boa’. Isso está começando a atingir, e fortemente, o núcleo duro do presidente”, avaliou Bacman.
O sentimento de esperança se mantém apenas entre os apoiadores mais fiéis do presidente, cerca de 21% do total. “A maioria dos argentinos acredita que este modelo está esgotado”, afirma o analista.
Derrotas internas
A perda de apoio ocorre em meio à crise econômica e a denúncias de corrupção envolvendo o alto escalão do governo, incluindo a irmã do presidente argentino, Karina Milei, que teve seu nome envolvido nas investigações sobre a cobrança de propinas em contratos da Agência Nacional de Deficiência.
Também foram acionadas no país comissões para investigar um golpe envolvendo a criptomoeda $Libra, supostamente promovida pelo próprio Milei, sua irmã Karina e empresários próximos à Casa Rosada.
O cenário se agravou mais ainda frente à desvalorização do peso argentino que obrigou o governo a vender mais de um bilhão de dólares em apenas dois dias para tentar conter a instabilidade cambial. Além disso, no Congresso argentino, Milei perdeu batalhas importantes e teve três vetos anulados na última semana após tentar conter recursos para a saúde e as universidades e tentar barrar a distribuição automática de fundos do Tesouro Nacional às províncias.
Entre elas, a de Buenos Aires, onde o partido governista sofreu uma grande derrota nas eleições legislativas ocorridas no último dia 7.