Adaptado de RFI
Em viagem à França, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky assinou, na última segunda-feira (17/11), uma declaração de intenção para a compra de até 100 caças franceses Rafale, além de sistemas de defesa aérea SAMP-T de nova geração, radares e drones. A assinatura do acordo para a compra de armamento francês aconteceu na base aérea de Velizy/Villacoublay, perto de Paris, e foi qualificado de “histórico” por Zelensky.
O compromisso entre os dois países tem o objetivo de “reforçar” a aviação de combate e a defesa aérea da Ucrânia” na guerra contra a Rússia, que completa quatro anos em fevereiro de 2026. Segundo a presidência francesa, o acordo visa “colocar a excelência francesa em matéria de indústria de armamentos a serviço da defesa da Ucrânia” e de seu “espaço aéreo” diante da “agressão russa”.
Durante a visita dos dois chefes de Estado à base militar, industriais apresentaram ao dirigente ucraniano o caça francês Rafale - que, quase totalmente projetado e construído na França, se destaca por possibilitar aos engenheiros a ampliação do uso de projetos em computador e por sua eletrônica embarcada - além de outros equipamentos. Esta é a nona viagem do dirigente ucraniano à França desde o início da invasão russa.
O presidente ucraniano havia renovado no sábado (15/11) seu pedido por mais sistemas de defesa antiaérea, após novas ofensivas russas contra seu país. Na madrugada de domingo para segunda-feira, outros ataques mataram pelo menos três pessoas na região de Kharkiv, no leste da Ucrânia, segundo autoridades locais.
No domingo, na rede X, Volodymyr Zelensky publicou uma mensagem antecipando “um acordo histórico” com a França. "Haverá um reforço significativo da nossa aviação de combate, das nossas defesas aéreas e de outras capacidades de defesa", escreveu o líder ucraniano.
Volodymyr Zelensky assinou no mês passado uma carta de intenção para adquirir entre 100 e 150 caças suecos Gripen - também utilizados pela Força Aérea Brasileira (FAB) -. O compromisso sinaliza uma mudança em relação ao fornecimento de armamentos pelos países ocidentais aliados e é uma forma de planejar o reforço a longo prazo da defesa ucraniana, após o fim do conflito.
A França já entregou caças Mirage a Kiev, mas até agora não havia cogitado a possibilidade de vender o caça Rafale ao país. O sistema de defesa antiaérea SAMP-T de nova geração, que também foi apresentado ao dirigente ucraniano, deve ser entregue à França a partir de 2027 e possui capacidades ampliadas de interceptação contra mísseis em relação ao SAMP-T atual, do qual um exemplar está implantado na Ucrânia.
Após a visita a Villacoublay, no sudoeste de Paris, Emmanuel Macron e Volodymyr Zelensky foram para o Monte Valérien, a oeste da capital, para visitar o estado-maior da “força multinacional Ucrânia”. Esse contingente será mobilizado quando um acordo de cessar-fogo com a Rússia for alcançado e fornecerá “garantias de segurança” a Kiev.
Drones estratégicos
Criado pela “coalizão de voluntários” concebida pela Reino Unido e pela França, que inclui, segundo o Eliseu, 35 países, incluindo a Ucrânia, esse estado-maior “já está operacional” e “capaz de mobilizar uma força no dia seguinte a um cessar-fogo”, segundo o governo francês.
As garantias de segurança previstas para a Ucrânia, elaboradas há meses por essa coalizão, incluem apoio ao exército de Kiev e componentes terrestre, marítimo e aéreo. Mas sua implementação está condicionada a um cessar-fogo ainda incerto.
Ainda no dia 17, à tarde, no Palácio do Eliseu, os dois dirigentes participaram de um “fórum franco-ucraniano sobre drones”. Kiev pretende utilizar este ano mais de 4,5 milhões de drones, responsáveis por 70% das destruições de equipamentos inimigos na linha de frente. O país desenvolveu para isso uma rede ágil de produção. A Ucrânia também utiliza drones para abater os aparelhos Shahed lançados pela Rússia todas as noites.
