Por Victor Farinelli
Via Opera Mundi
Crise se agravou após Paris decretar prisão preventiva de três cidadãos argelinos por suposta ligação com sequestro de influenciador digital.
O governo da Argélia decretou nesta segunda-feira (14/04) a expulsão de todos os 12 diplomatas de alto escalão que trabalham na embaixada da França no país e nos diferentes consulados franceses em seu território.
A medida inclui a imposição de um prazo de 48 horas para que esses 12 funcionários e seus familiares abandonem o solo argelino. Não serão proibidas as atividades das sedes diplomáticas, mas elas deverão permanecer a cargo de funcionários menores.
A decisão de Argel acontece dias depois de a Justiça da França decretar a prisão preventiva de três cidadãos argelinos residentes na França, acusados de “conspiração terrorista” e suspeitos de estarem relacionados com o sequestro do influenciador digital Amir Boukhors.
Um dos cidadãos presos seria funcionário do consulado da Argélia em Paris. O governo do país africano afirma que a decisão da Justiça francesa foi “arbitrária” que “carece de provas para sustentar a acusação”.
Sequestro
O caso de sequestro contra Boukhors ocorreu há cerca de um ano, em abril de 2024, quando um grupo de pessoas abordou o influenciador em um subúrbio de Paris e o colocou numa van.
Ele ficou sequestrado durante mais de 24 horas, sendo solto no dia seguinte. Após a libertação, o influenciador afirmou ter sido torturado e ameaçado de morte.
Boukhors é um opositor do governo da Argélia que recebeu asilo político do governo francês em 2023. Ele tem mais de um milhão de seguidores no TikTok, onde mantém um perfil que atende por “Amir DZ”. Também é conhecido em outras plataformas, onde utiliza o mesmo nome.
Antes de se refugiar na França, o influenciador era conhecido como um empresário opositor ao governo do atual presidente, Abdelmadjid Tebboune.
Desde 2023, a Justiça da Argélia emitiu nove mandados de prisão e pedidos internacionais de captura contra Boukhors, para que ele responda em seu país natal pelos processos que enfrenta por supostos crimes econômicos e por ataques às instituições.
Alegação francesa
Em declaração dada nesta mesma segunda-feira, o chanceler da França, Jean-Noel Barrot, pediu às autoridades argelinas que “abandonem essas medidas de expulsão”.
O diplomata acrescentou que, caso Argel não desista da sua medida, “a França não terá outra escolha a não ser responder imediatamente”.
Entretanto o funcionário não explicou de que forma Paris pretende responder caso a expulsão dos diplomatas franceses se torne efetiva.
Com informações de Al Jazeera e RT.