Via Opera Mundi
Imagem reprodução Diário de Pernambuco
A imprensa francesa desta quarta-feira (14/08) aborda o fim do período chamado de “trégua olímpica” pelo governo francês. Diários se perguntam se o presidente Emmanuel Macron vai finalmente nomear um novo primeiro-ministro, mais de um mês após o segundo turno das eleições legislativas vencidas pela coligação de esquerda.
“Um mês sem governo. Chega de jogo”, diz a manchete do jornal Libération, que estampa sua capa com uma foto de Macron sorridente fazendo o sinal de positivo com a mão. Para o diário, o presidente “está obstinado em esnobar” a esquerda e demora demais para indicar alguém para ocupar o cargo de chefe de governo.
“Júpiter não quer mais descer do Olimpo”, ironiza a publicação, evocando o apelido de Macron, célebre por seu caráter dominador e considerado arrogante por parte da opinião pública. Foi o próprio chefe de Estado que prometeu indicar alguém para ocupar o cargo de primeiro-ministro após o fim dos Jogos, mas passados três dias da cerimônia de encerramento, o silêncio reina no Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, enquanto o líder centrista “flerta com os limites da Constituição”, afirma Libération.
O jornal Le Figaro destaca em sua manchete que o grande quebra-cabeças da volta das férias de verão será o orçamento para o próximo ano. O diário lembra que em setembro, Paris terá de enviar à União Europeia seu plano de redução da dívida e do déficit para os próximos sete anos. Entre € 20 bilhões e € 30 bilhões de economias serão necessários, “um esforço inédito”, reitera a publicação. No entanto, até o momento, não há nem governo para elaborar o programa, nem maioria parlamentar para votá-lo, diz Le Figaro.
Proposta de união da esquerda e direita
“A busca de uma maioria inalcançável” é a manchete do jornal econômico Les Echos. O diário aborda a proposta do primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, em vias de deixar o cargo, de uma grande união da direita e da esquerda na Assembleia de Deputados para sair do impasse. No entanto, o apelo do premiê à mobilização dos parlamentares exclui dois partidos: o Reunião Nacional, da extrema direita, e o França Insubmissa, da esquerda radical.
Entre as propostas feitas por Attal estão medidas reivindicadas pela direita – como o reforço da segurança e a reforma do seguro-desemprego – e também pela esquerda, como a luta contra a pobreza. Mas a iniciativa é extremamente criticada e classificada por parlamentares progressistas como “mais do mesmo”. Uma fonte do governo ouvida pelo Les Echos sob anonimato classifica as ofertas de Attal como “vagas”, com o único objetivo de “continuar ocupando o espaço”.
“Para Macron, a festa terminou”, diz o jornal Le Parisien no título de uma matéria. O diário lembra que, mesmo durante o período dos Jogos Olímpicos, o bloco de esquerda Nova Frente Popular não esqueceu de sua indicação de Lucie Castets como a nova primeira-ministra. A tradição republicana francesa manda que, após as eleições legislativas, o nome do chefe de Governo deve vir do vencedor da votação.
Le Parisien ressalta que outros nomes de prováveis futuros primeiros-ministros circulam nos bastidores do governo, nenhum vindo do bloco de esquerda. Para o diário, há um grande risco de que a imposição de uma personalidade próxima a Macron ao cargo de premiê seja rejeitada na primeira votação pela nova Assembleia de Deputados.