Gaza bate recorde mundial de crianças amputadas, diz ONU

Cirurgias sem anestesia são necessárias para salvar vítimas dos bombardeios de Israel, que já somam mais de 85 mil toneladas de explosivos.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou nesta segunda-feira (02/12) que a Faixa de Gaza tem “o maior número de crianças amputadas por habitante no mundo”, resultado do genocídio de Israel contra a população palestina na região.

A declaração foi dada pelo diplomata português em um discurso lido por sua vice, Amina Mohammed, durante uma conferência ministerial no Cairo para acelerar a ajuda humanitária ao devastado território palestino.

“Muitos perdem membros e são submetidos a cirurgias mesmo sem anestesia. O que estamos testemunhando pode ser um dos crimes internacionais mais graves”, disse. Os procedimentos são necessários para salvar a vida de vítimas atingidas por bombas israelenses.

Segundo um balanço feito a partir de dados oficiais e divulgado pela HispanTV, Israel utilizou mais de 85 mil toneladas de explosivos em Gaza desde 7 de outubro de 2023. Essa quantidade é cinco vezes mais potente que a bomba atômica lançada pelos Estados Unidos sobre Hiroshima, no Japão, em 1945.

Além disso, as autoridades de Gaza estimam que há mais de 10.000 desaparecidos em consequência dos incessantes bombardeamentos israelenses.


Segundo Guterres, “a situação é assustadora e apocalíptica”. “A catástrofe de Gaza é nada menos do que um colapso total da nossa humanidade comum. O pesadelo deve acabar. Não podemos continuar a desviar o olhar. É hora de agir”, acrescentou ele.

O chefe da Organização das Nações Unidas exortou a comunidade internacional a “lançar as bases para uma paz duradoura em Gaza e em todo o Oriente Médio”, enfatizando “o impacto devastador do conflito e a necessidade urgente de ação internacional.

“A subnutrição é endémica. A fome é iminente. Entretanto, o sistema de saúde entrou em colapso”, concluiu. O cerco à região também ocorre pela limitação da entrada de caminhões de ajuda humanitária por Israel. Segundo o Conselho Norueguês para Refugiados, veiculado pela Al Jazeera, há uma “tentativa sistemática” de manter os palestinos “no frio e morrendo de fome”, em meio ao inverno que chegou à região.

Enquanto isso, as Forças de Defesa Israelenses (FDI) continuam a bombardear o território palestino, em Jabalia no norte e Abasan al-Kabira no sul. Até o momento, mais de 44,4 mil pessoas já morreram e 105 mil ficaram feridas na Faixa de Gaza, informou o Ministério de Saúde local.

(*) Com Ansa e TeleSUR