Gustavo Petro: mobilização popular vai transformar a Colômbia

Por Victor Farinelli

Tanto o presidente colombiano como sua vice, Francia Márquez, marcharam junto às organizações sociais para apoiar reformas e denunciar tentativa de ‘golpe brando’

Centenas de milhares de pessoas participaram nesta quarta-feira (07/06) da “Tomada de Bogotá em favor das reformas”, manifestação massiva convocada por movimentos sociais e centrais sindicais de toda a Colômbia para defender as reformas impulsionadas pelo presidente Gustavo Petro e para apoiar o mandatário, que denunciou recentemente uma tentativa de “golpe brando” por parte de alguns setores da oposição.

O evento começou com uma marcha pelas principais ruas do centro histórico da capital colombiana, até a Plaza de Bolivar, a maior da cidade, na qual estavam presentes o próprio Petro e também a vice-presidente Francia Márquez.

O presidente encabeçou o ato realizado durante a tarde, na Plaza de Bolivar, em frente ao edifício do Congresso Nacional. Durante seu discurso, Petro enfatizou que “chegou a hora de unir o nosso povo, porque a marcha popular tem um objetivo: nós vamos transformar a Colômbia em uma potência mundial da vida”.

O protesto foi convocado há uma semana, em função das manobras da oposição para obstaculizar o trâmite parlamentar das reformas sociais promovidas pelo governo, especialmente as reformas trabalhista, previdenciária e do sistema de saúde.

“Estamos aqui, gritando em uma praça cheia, com a população nas ruas, para pedir aos congressistas, com respeito, com humildade, com nosso desejo de justiça e de paz, que aprovem as reformas que vão garantir mais direitos ao povo”, acrescentou Petro.

O mandatário incentivou os gritos da multidão que o acompanhava, em favor dos projetos apresentados por seu governo. “Façam saber ao Congresso que as reformas apresentadas não são um capricho de um presidente, não são ‘ruins’, como dizem os donos do grande capital, são os desejos, a vontade de viver de todo um povo colombiano. Façam saber ao Congresso que ele não pode trair o povo”, afirmou.

Antes de finalizar seu discurso, Petro disse que “este é um governo popular, um governo do povo. Não sou eu, são vocês, eu sou apenas um líder, vou seguir por onde vocês quiserem”.

Nas redes sociais, o presidente colombiano deixou uma mensagem com o mesmo conteúdo: “fazemos um respeitoso pedido ao Congresso colombiano: aprove as reformas que garantem os direitos do povo. O Congresso não deve virar as costas ao povo. Vamos fazer um pacto, mas sem perder o objetivo: a justiça social como base para a paz”.

“Golpe brando”

Além do apoio às reformas, a manifestação serviu para fortalecer o governo de Petro diante de uma denúncia realizada por grupos opositores, a qual o presidente considerou como uma tentativa de “golpe brando”.

O escândalo que surgiu a partir do vazamento de um áudio envolvendo duas figuras próximas ao presidente: o diplomata Armando Benedetti, embaixador colombiano na Venezuela, e a chefe de gabinete, Laura Sarabia.

O caso foi denunciado em reportagem publicada no domingo (04/06) pela revista Semana, contendo gravações na qual Benedetti afirma a Sarabia que teria provas sobre um suposto financiamento ilegal da campanha presidencial de Petro, em 2022. Segundo ele, a coalizão Pacto Histórico teria recebido cerca de 15 bilhões de pesos (equivalentes a R$ 17 milhões) de organizações envolvidas com o narcotráfico.

No mesmo domingo, o ex-candidato presidencial Federico Gutiérrez, terceiro colocado nas eleições de 2022, apresentou uma moção no Congresso Nacional pedindo investigar os “possíveis vínculos do presidente com grupos narcotraficantes”, iniciativa que contou com o apoio de todos os partidos de direita com representação no Legislativo.

Petro reagiu rapidamente ao escândalo, demitindo Benedetti e Sarabia dos seus respectivos cargos. Ele assegurou que as acusações do ex-embaixador são falsas. “Não aceito chantagem nem vejo a política como um espaço para favores pessoais”, afirmou o presidente.

Nesta quarta-feira (07/06), mais de 400 intelectuais, líderes políticos, sindicais e de movimentos populares de mais de 20 países difundiram um manifesto em apoio ao presidente da Colômbia. “O objetivo dessa campanha coordenada é claro: proteger os interesses dos poderes tradicionais da Colômbia frente às reformas populares que aumentariam salários, melhorariam a saúde, protegeriam o meio ambiente e levariam à ‘paz total’ no país”, diz um trecho da carta.