Via Giro Latino
Imagem: reprodução Brasil de Fato
Líder promete incorporar até a polícia ambiental na segurança públicaincorporar até a polícia ambiental na segurança públicaer promete incorporar até a polícia ambiental na segurança pública
Nada jamais está tranquilo no Haiti nos últimos vários anos, mas a incerteza política em torno do poder do Conselho Presidencial de Transição (CPT) parecia ter ficado para trás. Não mais: durante a semana, o país vivenciou os primeiros protestos massivos contra a autoridade do órgão, que completou um ano de instalação formal na quinta-feira (3).
A manifestação, ocorrida na véspera do aniversário, começou como um protesto contra a violência descontrolada das gangues, mas logo evoluiu para um questionamento sobre a incapacidade do próprio CPT de mudar o panorama nacional – algo piorado pelas denúncias de que a polícia reprimiu violentamente o protesto. Jornalistas presentes no evento relataram que teria sido usada munição de verdade para dispersar a multidão que se aproximava dos prédios governamentais em Porto Príncipe.
Nomes importantes da política local, como o ex-primeiro-ministro Claude Joseph (que ocupou o cargo nos meses finais antes do assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021), alçaram a voz para pedir a renúncia do CPT. Foi o primeiro sinal de que até os grupos inicialmente simpáticos a uma pacificação das disputas partidárias podem remover seu apoio ao Conselho.
Por enquanto, o órgão segue ativo e, no dia seguinte, o atual presidente do CPT (que, na prática, vem atuando como líder do Executivo nacional), Fritz Alphonse Jean, prometeu ações mais concretas para incrementar a segurança: além de reservar um orçamento maior, ele anunciou que agentes da polícia ambiental BSAP vão passar a atuar na segurança pública. Bem equipado fora da capital Porto Príncipe, o BSAP hoje é um dos braços armados do Estado com mais estrutura remanescente, em um contexto de Exército reduzido (não à toa, alguns agentes chegaram a promover mobilizações golpistas no ano passado).
Com tantas crises por todos os lados, o Conselho Presidencial de Transição segue indicando que sua missão fundadora não deve ser cumprida no prazo – quando da instalação, o órgão criado à revelia da Constituição só deveria operar para normalizar o país e garantir a realização de eleições; originalmente, a ideia era que o Haiti chegasse com um presidente em condições de tomar posse em fevereiro de 2026.