Via Brasil de Fato
Jovem, muçulmano, oposição a Trump e socialista assume o cargo em 1º de janeiro de 2026.
O prefeito eleito de Nova York, Zohran Mamdani, anunciou na quarta-feira (5) uma equipe de transição composta exclusivamente por mulheres para implementar o que ele chamou de plataforma política mais ambiciosa da cidade em uma geração. O político de 34 anos que se define como “socialista”, foi eleito na terça-feira (4) e se tornará o primeiro prefeito muçulmano da cidade quando assumir o cargo em 1º de janeiro de 2026.
“Nos próximos meses, eu e minha equipe construiremos uma prefeitura capaz de cumprir as promessas desta campanha”, disse Mamdani aos repórteres. “Formaremos uma administração que seja igualmente competente e compassiva, movida pela integridade e disposta a trabalhar tanto quanto os milhões de nova-iorquinos que chamam esta cidade de lar.”
O socialista democrata de 34 anos revelou uma equipe de transição composta exclusivamente por mulheres, liderada por Elana Leopold como diretora-executiva. A equipe também inclui as copresidentes Maria Torres-Springer, ex-vice-prefeita; Lina Khan, ex-presidente da Comissão Federal de Comércio; a presidente e CEO da United Way, Grace Bonilla; e a ex-vice-prefeita de saúde e serviços humanos, Melanie Hartzog.
Também na quarta, Mamdani disse que está pronto para dialogar com o presidente Donald Trump sobre “o custo de vida”, tema que ambos colocaram como principal bandeira de suas campanhas. Trump reiterou nesta quarta suas críticas a Mamdani e afirmou que os Estados Unidos enfrentam uma escolha entre “comunismo e bom senso”. “Nós vamos cuidar disso”, declarou o presidente diante de empresários.
“A Casa Branca não me ligou para me parabenizar”, brincou Mamdani durante uma coletiva de imprensa.
“Mas sigo interessado em conversar com o presidente Trump”, afirmou, em referência às “promessas de campanha sobre o custo de vida”, que garantiram ao inquilino da Casa Branca o apoio de grande parte das famílias de baixa renda.
“Acho que a lição para o presidente é que não basta diagnosticar a crise vivida pela classe trabalhadora. É preciso agir para enfrentá-la”, acrescentou.
Assim como Trump, Mamdani colocou no centro de sua campanha o alto custo de vida, o impacto da inflação e os elevados preços dos alimentos. Ele derrotou o ex-governador de Nova York Andrew Cuomo, que tinha o apoio do presidente republicano. Em sua campanha, Mamdani também prometeu maior controle sobre os aluguéis, além de ônibus e creches gratuitos. “O que assusta os republicanos em todo o país é que nós realmente vamos implementar esse programa”, declarou.
Islamofobia israelense
Um ministro israelense de direita instou, nesta quarta-feira (5), os judeus de Nova York a se mudarem para Israel após a eleição do esquerdista muçulmano Zohran Mamdani para chefiar a Prefeitura da cidade. Defensor de longa data da causa palestina, nos últimos meses Mamdani também tem denunciado publicamente o antissemitismo, assim como a islamofobia da qual ele mesmo foi vítima.
“A cidade que uma vez foi símbolo da liberdade no mundo, entregou suas chaves a um partidário do [movimento islamista palestino] Hamas”, escreveu no X o ministro israelense da Diáspora e da luta contra o Antissemitismo, Amichai Chikli.
“Nova York nunca voltará a ser a mesma, especialmente para sua comunidade judaica”, acrescentou. “Convido os judeus de Nova York a considerarem seriamente estabelecer seu novo lar na Terra de Israel”.
As posições de Mamdani sobre Israel, que qualificou de “regime de apartheid” e acusou de cometer um “genocídio” em Gaza, provocaram indignação em alguns setores da comunidade judaica.
O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, conhecido por suas posições de extrema direita, apoiou Chikli.
“O antissemitismo venceu o bom senso. Mamdani é um partidário do Hamas, inimigo de Israel e antissemita declarado”, afirmou Ben Gvir em comunicado.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, interveio na reta final da campanha para qualificar Mamdani de “inimigo dos judeus” e chamou de “estúpido” quem votasse nele.
