POR AFP
Via Carta Capital
Bernardo Arévalo denunciou um ‘golpe de Estado em curso’ para impedi-lo de assumir o poder em 14 de janeiro
O Ministério Público da Guatemala anunciou, nesta quinta-feira 16, que vai pedir a retirada da imunidade do presidente eleito, Bernardo Arévalo, pelo caso de ocupação de uma universidade em 2022, aumentando a incerteza menos de dois meses antes de ele assumir o poder.
“O Ministério Público apresentará ações judiciais contra os senhores César Bernardo Arévalo de León” e a vice-presidenta eleita, Karin Herrera, para privá-los de suas imunidades e levá-los a julgamento, disse o procurador Saúl Sánchez em entrevista coletiva.
O presidente eleito denunciou um “golpe de Estado em curso” para impedi-lo de assumir o poder em 14 de janeiro, após enfrentar uma perseguição do MP desde que surpreendeu no primeiro turno eleitoral, em 25 de junho.
Os crimes pelos quais o Ministério Público pretende retirar sua imunidade, juntamente com outros seis legisladores, são “depredação continuada de bens culturais, associação ilícita e tráfico de influência”, indicou Sánchez.
A Organização dos Estados Americanos denunciou na quarta-feira as tentativas de “impedir uma transição pacífica de poder” na Guatemala, e os Estados Unidos insistiram em que sejam respeitados os resultados do segundo turno de 20 de agosto, no qual Arévalo venceu por ampla maioria.
“Os Estados Unidos condenam as tentativas de impedir a posse do presidente eleito. Os resultados oficializados pelo tribunal eleitoral são inalteráveis”, disse o subsecretário de Estado americano para a América Latina, Brian Nichols, na quarta-feira, na rede social X (antigo Twitter).
Antes do anúncio de Sánchez, o Ministério Público revistou várias casas para prender cerca de 30 professores e estudantes universitários, incluindo um aliado de Arévalo, pela ocupação de uma universidade pública em 2022.
Arévalo, um sociólogo social-democrata de 65 anos, acusa o Ministério Público de orquestrar um “golpe de Estado” para impedi-lo de assumir o poder em janeiro, devido à sua promessa de combater a corrupção pública.
Com o caso universitário, o Ministério Público abriu uma nova frente contra Arévalo, após conseguir inabilitar seu partido Semilla e tomar diversas ações contra o Tribunal Supremo Eleitoral, que validou a vitória do opositor nas eleições.