O momento exige: 3 tarefas principais para a esquerda latino-americana

Nota da Redação

Imagem: Reprodução Carta Capital

Num cenário de fortalecimento da extrema direita no mundo, com Trump no governo estadunidense e o crescimento de uma direita mais radical em vários países imperialistas do G7, os movimentos sociais e a esquerda latino-americana devem discutir muito bem suas tarefas prioritárias no próximo período.

I- Evitar a volta da extrema direita ao poder

Nos próximos meses, ocorrerão importantes processos eleitorais onde a extrema direita latino-americana, com apoio de Trump e das Big Techs, vai buscar chegar aos governos ou retornar a eles. Exemplos: Honduras (novembro de 2025), Chile (dezembro de 2025), Peru (abril de 2026), Colômbia (maio de 2026), Brasil (outubro de 2026), entre outras.

Nestes países, a tarefa número 1 é derrotar a extrema direita, inclusive, sem esperar as eleições. A luta é permanente, e deve ser prioritariamente nas ruas. E, nas eleições, garantir a máxima unidade e a força da esquerda e dos movimentos sociais, incluindo nesta unidade todos aqueles que se disponham a enfrentar nas urnas a extrema direita.

II- Impedir mudanças reacionárias do regime político

Onde a extrema direita está em governos, vêm buscando realizar mudanças reacionárias no regime político destes países, sempre no sentido antidemocrático e de fortalecimento do poder ditatorial de seus governantes.

Seja com Bukele em El Salvador, onde na prática já existe uma ditadura de extrema direita, sustentada por Trump; seja no Equador, onde Noboa aposta numa repressão brutal aos movimentos indígenas e tenta impor um referendo inconstitucional, ainda este ano, para deturpar a constituição progressista do país; ou com Milei na Argentina, que fortalecido pelo resultado das eleições legislativas do último domingo, tentará voltar à carga contra os direitos sociais e democráticos do povo argentino.

A tarefa número 1 é defender as liberdades democráticas e o próprio regime democrático, acumulando forças para derrotar estes governos de extrema direita, nas ruas e nas eleições.

III- Derrotar novas intervenções militares do imperialismo ianque

Trump deslocou um significativo ativo militar para o Mar do Caribe. E ameaça intervir militarmente de imediato na Venezuela, para derrubar o governo Maduro, usando a velha desculpa mentirosa e esfarrapada do combate ao Narcotráfico.

Mas, o imperialismo ianque, chefiado pela extrema direita, não para por aí, já iniciou fortes ameaças ao governo de Petro na Colômbia, além de ter voltado a incluir Cuba na lista de países terroristas. No Brasil, tentou intervir com a guerra tarifária, diante da resistência do governo e do povo brasileiro, agora dá sinais de recuo.

Aqui não se pode ter dúvidas, o que está em jogo é a soberania dos países latino-americanos. Não se trata de apoiar um ou outro governo, a tarefa fundamental é impedir novas intervenções militares do imperialismo estadunidense na região. Soberania não se negocia.

Conclusão: Apostar na resistência popular e na unidade para derrotar a extrema direita

A esquerda e os movimentos sociais latino-americanos precisam apresentar sua saída política para a região. Apresentar uma agenda alternativa de combate a crise ambiental e de transição energética de fato; pela ampliação de direitos sociais para a maioria do povo - como na redução da jornada de trabalho sem redução de salários; por sobretaxar os super ricos e grandes empresas; prioritariamente combater o racismo, o machismo e homofobia; defender a soberania nacional, acabar com as privatizações, entre outros pontos programáticos.

A saída é pela esquerda, e a apresentação da nossa alternativa é fundamental. Mas, junto a ela, devemos entender que o momento exige unidade para derrotar a extrema direita. Uma frente única da esquerda e dos movimentos sociais que priorize a luta nas ruas, mas que em momentos eleitorais decisivos, tenha capacidade de unificar amplos setores para impedir novos governos de extrema direita e derrotá-los onde eles já existem.