Partido de Gustavo Petro lança rival histórico da direita como candidato à Presidência

Pacto Histórico mira a sucessão com um nome que encarna a luta contra o uribismo e a violência paramilitar.

O partido do presidente colombiano Gustavo Petro escolheu neste domingo como candidato para sucedê-lo nas eleições de 2026 o senador Iván Cepeda, um ferrenho inimigo da direita que levou o ex-presidente Álvaro Uribe às barras da justiça.

Cepeda, um filósofo e defensor dos direitos humanos de 63 anos, venceu nas primárias do partido Pacto Histórico Carolina Corcho, ex-ministra da Saúde de Petro, de acordo com a apuração.

Antes do primeiro turno presidencial, marcado para 31 de maio, ele disputará outras votações contra figuras da esquerda para definir um único candidato.

“A democracia se impõe”, “o povo escolheu livremente”, reagiu Petro na rede X.

Cepeda é um inimigo declarado do influente ex-presidente de direita Álvaro Uribe (2002-2010) e, assim como Petro, denunciou em debates no Congresso a suposta relação dos paramilitares com o ex-mandatário e outros políticos.

Em agosto passado, após um longo processo judicial que partiu dessas acusações, Uribe foi condenado a 12 anos de prisão domiciliar por subornar membros desses esquadrões antiguerrilha para que negassem suas ligações.

No entanto, na semana passada, um tribunal de Bogotá revogou a condenação em segunda instância. Cepeda, que figura como vítima nesse processo, anunciou que interporá um último recurso de cassação perante o Supremo Tribunal e, se necessário, recorrerá a tribunais internacionais.

Os filhos de Uribe e membros da direita colombiana chamam Cepeda de “herdeiro das FARC”, por sua suposta proximidade com a guerrilha que assinou a paz em 2016 após negociações nas quais o congressista foi mediador.

Além disso, porque seu pai, Manuel Cepeda, assassinado a tiros em 1994, era membro da União Patriótica, um partido criado por ex-membros da outrora mais poderosa organização rebelde da América, que foi massacrada por grupos paramilitares em conluio com as forças estatais.

Em meio à perseguição à esquerda na Colômbia, Iván Cepeda viveu exilado na Tchecoslováquia e em Cuba, e estudou na Bulgária.

As primárias do partido de Petro foram realizadas em meio às tensões do presidente com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que o acusa de ser um líder narcotraficante.

Cepeda pede aos Estados Unidos que respeitem a “dignidade” e a “autonomia” da Colômbia.