Trump volta ao X em live com Elon Musk em fala marcada por xenofobia e racismo

 

O bilionário Elon Musk e o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, conversaram na rede social X na noite desta segunda-feira (12). O papo que registrou falas racistas e xenófobas marcou a volta do ex-presidente à rede social.

Em seu diálogo com Musk, Trump criticou a imigração ilegal - que comparou a um "apocalipse zumbi" - e voltou a prometer "a maior deportação da história" dos Estados Unidos, em meio a alegações falsas de que o grande fluxo de migrantes durante a administração Biden teria aumentado os índices de criminalidade.

O republicano também aproveitou a entrevista para especular sobre um sistema de defesa antimísseis baseado em um sistema parecido ao utilizado atualmente por Israel. A mudança climática foi ainda abordada na conversa entre os bilionários. Trump menosprezou os eventos extremos que já começam a se tornar comuns - como as enchentes recordes registradas no Rio Grande do Sul - e afirmou que mal maior seria causado por ameaças bélicas.

"A maior ameaça é o aquecimento nuclear, porque temos cinco países agora que têm poder nuclear significativo, e não podemos permitir que nada aconteça com pessoas estúpidas como Biden", disse o bilionário.

 

Problemas de transmissão

O que havia sido anunciado como uma conversa "sem limites" começou com mais de meia hora de atraso, e vários usuários não conseguiram ouvi-la ao vivo, criando uma situação embaraçosa para os dois magnatas.

Musk atribuiu o problema a um "ataque DDOS em massa", um tipo de ataque cibernético conhecido como de negação de serviço, desenhado para sobrecarregar os servidores de uma empresa e derrubar um site.

 

Retorno ao X

O ex-presidente foi banido do Twitter depois que milhares de seus apoiadores invadiram o Capitólio dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021. Mas Musk reativou a conta de Trump após comprar a plataforma e mudar seu nome para X.

Até agora, Trump não havia assumido o controle de seu antigo canal de comunicação favorito e continuava utilizando sua própria plataforma, Truth Social, para as publicações diárias.

Porém, uma enxurrada de mensagens divulgadas na segunda-feira, entre vídeos de campanha e a promoção da entrevista, sinalizou o retorno ao X de Trump. Ele busca fortalecer sua campanha desde a entrada da democrata Kamala Harris na disputa, após a desistência de Biden.

Elon Musk, que já foi eleitor do Partido Democrata, declarou publicamente apoio a Trump desde a tentativa de assassinato do ex-presidente durante um comício, no mês passado.

Considerado pela revista Forbes a pessoa mais rica do mundo, o dono do X emergiu como voz importante na política estadunidense. Ele é acusado de transformar a plataforma em um amplificador das teorias da conspiração da extrema direita.

O magnata é um dos críticos mais ferrenhos dos democratas. Musk aproveita seus mais de 194 milhões de seguidores no X para atacar os esforços liberais para promover a diversidade e inclusão, além de criticar a gestão da fronteira com o México pela Casa Branca.

Horas antes da entrevista de segunda-feira, o comissário europeu de Assuntos Digitais, Thierry Breton, enviou uma carta a Musk para lembrá-lo de suas obrigações de moderação. O magnata respondeu com um meme ofensivo.

A União Europeia "deveria cuidar de seus próprios assuntos, e não tentar interferir nas eleições presidenciais americanas", declarou Steven Cheung, porta-voz de Trump.