Por Gilbert Achcar
A recuperação espetacular da aprovação do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nos últimos meses é prova – caso fosse necessário – de sua capacidade de dar a volta por cima. A habilidade explica sua excepcional longevidade no poder. É verdade que Netanyahu já havia começado, desde a primavera, a recuperar popularidade junto à parcela mais à direita da opinião pública israelense ao resistir à pressão da administração norte-americana – particularmente tímida, é verdade – em favor de um acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros com o Hamas.
Em maio, ele lançou suas tropas contra a cidade de Rafah e o restante da área fronteiriça com o Egito, apesar das manifestações de Washington. Assim, o Netanyahu eliminou o principal atrativo do projeto de cessar-fogo aos olhos da liderança do Hamas no enclave. Depois, ao declarar sua recusa em retirar suas tropas de Rafah, mesmo que temporariamente, como recomendavam o comando militar e Yoav Galant, seu ministro da Defesa e principal rival político dentro de seu partido, o Likud, o primeiro-ministro eliminou qualquer perspectiva séria de acordo com o movimento de autodeterminação palestino e provocou a ira do Egito, indignado por perder o controle da passagem entre Gaza e seu território, sobre a qual tinha autoridade até então.
Netanyahu abertamente ignorou os desejos do presidente norte-americano. Ele não tinha intenção de dar a Joe Biden o presente de uma trégua acompanhada da libertação de reféns, incluindo cidadãos norte-americanos que seriam recebidos em grande cerimônia na Casa Branca. Ao resistir com enorme ingratidão a Biden, o líder do Likud prestou um serviço ao seu concorrente na corrida presidencial, Donald Trump. A retirada da candidatura do presidente em exercício e seu apoio à sua vice-presidenta, Kamala Harris, não mudaram a situação para Netanyahu. Pelo contrário, ele tem boas razões para temer que Harris pratique na Casa Branca uma política para o Oriente Médio mais alinhada com a de um dos mentores de sua campanha, Barack Obama, do que com a de Biden.
A principal questão continua sendo o programa nuclear de Teerã
Recordando as relações tensas entre Netanyahu e Obama: o primeiro, que assumiu o poder em 2009, pouco depois da posse do segundo, travou contra ele uma guerrilha política constante, contando com o apoio dos republicanos no Congresso. Netanyahu voltou a essa tática ao enfrentar críticas cada vez mais abertas de Biden e a preferência manifesta do presidente norte-americano e do Pentágono por Yoav Galant, recebido em Washington várias vezes desde o início da guerra em Gaza. Em 24 de julho, os republicanos convidaram o primeiro-ministro israelense para discursar no Congresso pela quarta vez, ocasião em que Netanyahu bateu o recorde que detinha junto com Winston Churchill. Embora fosse presidenta do Senado conforme a Constituição, Kamala Harris não compareceu a essa sessão – sinalizando sua falta de simpatia pelo líder israelense.
É provável que a entrada de Harris na disputa, inicialmente acompanhada por uma virada nas pesquisas em seu favor, tenha pesado nas decisões subsequentes de Netanyahu. Se pode contemporizar enquanto aguarda uma vitória de Trump nas eleições de 5 de novembro, esperando que este lhe dê mais liberdade do que Biden, ele não pode correr o risco de uma vitória de Harris que reduza suas margens de manobra. Pois, para o primeiro-ministro israelense, a questão prioritária – além da terra da Palestina, alvo das ambições expansionistas da direita sionista que ele representa – é o Irã,1 visto como a principal ameaça existencial que Israel enfrenta desde a mudança de rumo ocorrida no Egito no fim dos anos 1970.
Ao final daquela década, o Irã rompeu com o Ocidente após a revolução de Khomeini, em fevereiro de 1979. Enredado ao longo dos anos 1980 em uma guerra sangrenta contra o Iraque e privado de armas sofisticadas por causa dos embargos, Teerã buscou construir gradualmente uma rede regional ideológico-militar para enfrentar os Estados Unidos e seus aliados, incluindo Israel. Desde o início, a República Islâmica adotou uma postura ferozmente hostil ao “Grande Satã” norte-americano e ao seu parceiro israelense, cuja destruição prometia. Essa postura tornou-se o principal argumento ideológico do regime iraniano em sua busca de influência junto aos mundos árabe e muçulmano – além das comunidades xiitas, seu alvo prioritário, em razão de sua natureza teocrática e confessional.
A partir de 1990, o Irã começou a desenvolver laços com a Irmandade Muçulmana, que se recusava a apoiar o envio de tropas norte-americanas ao território saudita – prelúdio do que seria a intervenção contra o Iraque e suas tropas ocupantes no Kuwait – e rompeu com Riad. Embora o principal foco de Teerã fosse o braço palestino da irmandade, o Hamas, ele também se aproximou de uma organização concorrente na mesma esfera ideológica: a Jihad Islâmica.
Por outro lado, as autoridades israelenses desenvolveram uma verdadeira obsessão pelo Irã quando ficou evidente, na virada do século, que a República Islâmica havia secretamente retomado o programa nuclear iniciado sob o regime do xá. Em Tel Aviv, ninguém duvida de que o Irã visa obter a bomba nuclear, o que acabaria com o monopólio regional de Israel, mantido desde os anos 1960. Esse espectro, combinado a um complexo de aniquilação – determinado pela referência ao Holocausto e pela relativamente exígua extensão do seu território –, explica a determinação dos líderes israelenses em tomar uma medida drástica contra o Irã, mirando prioritariamente suas instalações nucleares.
Uma guerra de destruição e reocupação de Gaza
Em 2009, poucos dias antes da posse de Obama, o New York Times publicou uma reportagem investigativa. Seu correspondente-chefe em Washington, David E. Sanger, revelou que o governo israelense havia solicitado, desde o início do ano anterior, o último da presidência de George W. Bush, o fornecimento urgente de bombas antibunker guiadas por GPS GBU-28 norte-americanas (pesando mais de 2 toneladas e com quase 6 metros de comprimento), bem como a permissão para que seu Exército sobrevoasse o território iraquiano, então ocupado por forças dos Estados Unidos, para atacar o principal sítio nuclear iraniano em Natanz.2 Embora a administração Bush tenha recusado o pedido, temendo que uma ação israelense expusesse suas tropas a grandes riscos, ela já havia encomendado em 2007 o envio de 55 bombas GBU-28 para Israel, com entrega prevista para 2009.
Obama autorizou a entrega ainda em seu primeiro ano de mandato,3 mas isso não impediu o subsequente desgaste de suas relações com Netanyahu. O presidente democrata criticou publicamente a expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia. Contudo, a principal divergência entre eles dizia respeito ao Irã: isso porque, de certo modo, a autorização presidencial para o fornecimento das bombas antibunker a Israel aumentava a pressão sobre Teerã para negociar um acordo diplomático que limitasse seu programa nuclear.
Esse acordo foi selado em 2015, para grande desgosto de Netanyahu e da Arábia Saudita, outro inimigo histórico do regime iraniano, ambos convencidos de que, ao aliviar a pressão econômica sobre o Irã, o Plano de Ação Conjunto Global, assinado em Viena, não impediria o país de continuar secretamente seu programa de armamento nuclear nem de expandir sua influência regional, facilitada pelo fiasco ocidental no Iraque e pela retirada das tropas norte-americanas daquele país, concluída em 2011. A guerra civil que eclodiu na Síria após o levante popular de 2011 e a que devastou o Iêmen em 2014 ofereceram a Teerã uma oportunidade para ampliar sua influência no Oriente Médio.
Em novembro de 2016, a eleição de Trump foi, portanto, motivo de celebração para Netanyahu e os líderes sauditas. Em sua primeira viagem ao exterior, o novo presidente foi a Riad em maio de 2017. Um ano depois, em 8 de maio de 2018, após começar a preparar-se para tanto em outubro de 2017, o republicano retirou oficialmente os Estados Unidos do acordo, arduamente negociado. Cumpriu, assim, uma promessa de campanha, desconsiderando os protestos dos líderes europeus signatários – Alemanha, França e Reino Unido – e da União Europeia. Trump iniciou o último ano de seu mandato com o assassinato, em janeiro de 2020, em Bagdá, do general Ghassem Soleimani, chefe das forças Al-Quds, o braço de operações estrangeiras da Guarda Revolucionária iraniana.4
Durante sua campanha em 2020, Biden se apresentou como anti-Trump – da mesma forma que Trump se apresentara como anti-Obama e tentara desmantelar as realizações de seu antecessor uma a uma. Em relação ao Oriente Médio, Biden prometeu restaurar o acordo nuclear e reabrir o consulado dos Estados Unidos em Jerusalém Oriental, bem como a missão da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em Washington, fechados por Trump. Ele não cumpriu essas promessas. Em vez de retomar a política para o Oriente Médio de Obama, de quem fora vice-presidente, o atual ocupante da Casa Branca acabou se mostrando um continuador da política de Trump. A guerra de destruição e reocupação de Gaza, conduzida pelo governo de Netanyahu, até lhe proporcionou a oportunidade de superar todos os seus antecessores ao presidir a primeira guerra verdadeiramente conjunta entre Israel e os Estados Unidos.5 As fricções ocasionais são insignificantes quando comparadas ao amplo apoio militar de Washington a Tel Aviv.6
“Nenhuma administração ajudou Israel mais do que eu ajudei”, declarou Biden em 4 de outubro. “Nenhuma, nenhuma, nenhuma.” Ele então censurou o primeiro-ministro israelense por sua ingratidão e questionou se Netanyahu não teria bloqueado o acordo de cessar-fogo em Gaza para favorecer o candidato republicano.7 Em julho, durante sua visita a Washington para discursar no Congresso, Netanyahu havia feito um elogio entusiasmado: “De um orgulhoso sionista israelense para um orgulhoso sionista irlando-americano, quero agradecer-lhe por cinquenta anos de serviço público e cinquenta anos de apoio ao Estado de Israel”.8 A homenagem a um homem que acabara de ceder sua candidatura à vice-presidenta certamente foi sincera.
Passagem do comando de Biden para Harris e visita de Netanyahu a Trump em sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida: no fim de julho, iniciou-se uma nova fase da guerra. O primeiro-ministro israelense precisava aproveitar os últimos momentos do mandato de Biden: no melhor cenário para ele, Trump assumiria e possibilitaria a ampliação da ofensiva de seu país; no pior, Harris herdaria o envolvimento dos Estados Unidos, com o qual teria de lidar.
O ataque do Hamas destacou de forma brutal a perda da credibilidade dissuasiva de Israel. O país sofreu sua primeira derrota militar – comparável à dos Estados Unidos no Vietnã – ao se retirar do Líbano sem impor condições no ano 2000. Em 2006, novo fiasco contra o mesmo Hezbollah, que desde então reforçou significativamente suas capacidades militares. E Israel, impotente, exceto por ataques ocasionais ao território sírio, assistiu à expansão da rede militar iraniana em sua região nos últimos doze anos.
Quanto a Gaza, os ataques repetidos e mortíferos lançados por Israel desde 2007, geralmente em retaliação aos disparos de foguetes do Hamas ou da Jihad Islâmica, não dissuadiram as duas organizações palestinas de continuar. A “doutrina Dahiya”, que consiste em infligir perdas e danos desproporcionais ao entorno da força inimiga, incentiva crimes de guerra, pois propõe explicitamente atingir civis.9 Ela já havia sido aplicada duas vezes em Gaza, em 2008-2009 e 2014, depois de seu emprego no Líbano, em 2006, no subúrbio sul de Beirute (Dahiya), reduto do Hezbollah (ler o artigo na pág. 20).
Nesse último caso, a dissuasão funcionou. Desde 2006, o Hezbollah jamais repetiu uma ação transfronteiriça como o ataque de 12 de julho daquele ano, que desencadeou a Guerra dos 33 dias. Em 27 de agosto de 2006, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, chegou a reconhecer publicamente que, se soubesse que a retaliação israelense seria tão letal e destrutiva, não teria autorizado a operação.10 Com a impressionante resistência do Hezbollah, o Irã forneceu-lhe um vasto arsenal de mísseis de vários calibres. O Partido de Deus libanês passou a considerar ter atingido um estado de “dissuasão mútua” com Israel: uma coexistência relativamente pacífica, baseada na capacidade compartilhada de infligir danos significativos ao oponente. Com isso, tornou-se um recurso importante no equilíbrio de poder que rege a relação entre Israel e a República Islâmica, que possui uma poderosa força de ataque convencional, além de seu aparato regional.
Com sua audácia e em razão do sucesso letal que superou as expectativas de seus planejadores – ainda que, segundo fontes israelenses, tenham morrido mais atacantes do que israelenses naquele dia –, o ataque realizado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 elevou ao máximo a exasperação israelense. Netanyahu foi acusado de ter colocado Israel em perigo: para manter a divisão palestina e afastar qualquer pressão pela retomada do processo de paz, ele havia permitido que o movimento islâmico consolidasse seu poder em Gaza e se beneficiasse de financiamento do Catar.11 O fato de o Irã ter respondido, ainda que minimamente e de forma indireta, ao apelo dos “irmãos da resistência islâmica no Líbano, no Irã, no Iêmen, no Iraque e na Síria” –lançado pelo Hamas na manhã de 7 de outubro para que se unissem ao combate – reforça o tanto que Israel perdeu de sua credibilidade dissuasiva.12
Teerã então ativou seu aparato regional, incitando seus aliados – o Hezbollah no Líbano, milícias xiitas no Iraque e hutis no Iêmen – a se envolverem em uma guerra de desgaste de baixa intensidade. Apenas o regime de Bashar al-Assad se manteve prudentemente a distância, continuando a impedir qualquer ação contra a ocupação israelense do Golã sírio a partir de seu território. Dos três aliados do Irã, foi o Hezbollah libanês que mais incomodou Israel: embora limitado a uma área restrita em ambos os lados da “linha azul”, o intercâmbio de bombardeios forçou o Exército israelense a concentrar tropas em sua fronteira norte e provocou o deslocamento de várias dezenas de milhares de civis, ainda que o movimento populacional do lado libanês tenha sido bem mais intenso.
Israel optou pela autolimitação no norte enquanto estava amplamente envolvido em Gaza. Isso porque já não se tratava mais de impor represálias desproporcionais no enclave, mas de reocupá-lo, levando a uma destruição de proporções sem precedentes e massacres em dimensões genocidas. A dissuasão foi assim levada ao extremo em relação aos palestinos. Isso explica por que os habitantes da Cisjordânia, embora tenham majoritariamente aplaudido a ação do Hamas, se abstiveram de atender ao apelo do movimento islâmico para se unir à luta por todos os meios. Após a reocupação de Gaza ser em grande parte concluída, as Forças Armadas israelenses lançaram ataques contra várias localidades da Cisjordânia, retomando o nível de violência registrado em 2002 durante a repressão à Segunda Intifada.
Washington forneceu a Tel Aviv uma bateria de mísseis antibalísticos
De seu lado, Israel dosou seus ataques ao Hezbollah por vários meses. Diferentemente da violência indiscriminada infligida a Gaza, ele usou “ataques cirúrgicos” para eliminar centenas de membros do partido até a ofensiva de setembro passado, com uma proporção entre civis e militantes inversa à de Gaza. Esse foi o prelúdio de uma intervenção há muito prometida. Enquanto voltavam seu foco para a Cisjordânia, as Forças Armadas israelenses preparavam a entrada no Líbano. E, ao contrário da ofensiva em Gaza, onde elas operaram como um rolo compressor, Israel preocupou-se em adotar uma estratégia militar mais sofisticada contra o Hezbollah. Depois do ataque com pagers (17 e 18 de setembro) e da morte de Nasrallah (27 de setembro), Israel logo incluiu incursões de tropas terrestres na área fronteiriça libanesa. E a ambiguidade de Biden foi exposta pelo aumento da ajuda militar em US$ 8,7 bilhões a Tel Aviv, para apoiar as ações no Líbano, e pelas felicitações pelo assassinato de Nasrallah.13
Netanyahu comemorava enquanto o Irã perdia credibilidade, acusado dentro das próprias fileiras do Hezbollah libanês de usar seus aliados sem realmente se comprometer na batalha ou lhes prestar apoio. Teerã tentou limpar sua imagem com um segundo lançamento de mísseis contra Israel em 1º de outubro. Houve uma escalada ao usar mísseis balísticos, mais difíceis de interceptar que os drones e mísseis de cruzeiro predominantes em abril passado. No entanto, o ataque foi limitado e teve impacto mínimo, refletindo o receio de Teerã de se envolver em um conflito amplo que envolveria os Estados Unidos e possivelmente seus aliados regionais, podendo gerar uma situação que desencadearia um levante maciço contra o regime dos aiatolás, desprezado por boa parte de sua própria população.
Quando este texto foi fechado, uma questão permanecia em aberto: como seria a resposta israelense ao ataque iraniano de 1º de outubro? Netanyahu sonha desferir um grande golpe contra o Irã para atrasar seu programa nuclear por vários anos e garantir sua posição no panteão dos heróis do sionismo. Ele também enfrenta a pressão de seus aliados de extrema direita. Em sua visão, qualquer alvo que não sejam as instalações nucleares seria sinal de fraqueza. O primeiro-ministro não pode, no entanto, atacar instalações petrolíferas iranianas sem arriscar uma retaliação de Teerã no Golfo, o que desencadearia uma grave crise na economia mundial e prejudicaria as relações de Israel com as monarquias árabes petrolíferas.
Para atacar as instalações nucleares do Irã, em razão do tamanho do país e de sua distância geográfica, Israel precisaria de mais do que a participação indireta dos Estados Unidos, como em Gaza ou no Líbano: desta vez, seria necessária uma participação direta. Um passo nessa direção foi dado por Biden, que, em outubro, enviou a Israel uma bateria de mísseis antibalísticos de interceptação de alta altitude Thaad, acompanhada de uma centena de militares para sua operação, expondo assim soldados norte-americanos a uma eventual retaliação iraniana. Mais uma vez, ao armar e proteger o aliado israelense, a ação da administração Biden contradiz de maneira flagrante o que ela dá a entender sobre as pressões que exerceria sobre ele para conter sua reação.
Entretanto, uma destruição efetiva das instalações nucleares subterrâneas do Irã exigiria mais do que bombas de 1 tonelada, como as dezenas que foram lançadas para matar Nasrallah; e mais do que as bombas antibunker GBU-28 de 2 toneladas entregues por Obama a Israel. Seriam necessárias GBU-57 pesando de 12 a 15 toneladas cada uma, com uma capacidade de penetração de 60 metros de profundidade. Israel não possui essas bombas nem os bombardeiros estratégicos necessários para seu uso.14 Portanto, é provável que Netanyahu e seu Exército optem por um novo ataque que vise indiretamente as instalações nucleares, atingindo seu sistema de defesa, como aconteceu em abril passado, mas em escala maior.
O próximo passo dependerá do resultado da eleição presidencial norte-americana em 5 de novembro. A probabilidade de uma ofensiva conjunta entre Estados Unidos e Israel contra o Irã aumentaria com a eleição de Trump e seria reduzida com a de Harris. A menos que Israel consiga envolver o Irã em uma escalada que leve a esse fim.
1 Ler Akram Belkaïd, “Israel-Iran, la guerre qui vient” [Israel-Irã, a guerra que vem], Le Monde Diplomatique, maio 2024.
2 David E. Sanger, “US rejected aid for Israeli raid on Iranian nuclear site” [EUA rejeitaram ajuda para ataque israelense em instalação nuclear iraniana], The New York Times, 10 jan. 2009.
3 Eli Lake, “Obama arms Israel” [Obama arma Israel], Newsweek, Nova York, 25 set. 2011.
4 Ler “Danse du sabre entre l’Iran et les États-Unis” [Dança da espada entre o Irã e os Estados Unidos], Le Monde Diplomatique, fev. 2020.
5 Ler “Les États-Unis à la rescousse” [Os Estados Unidos em socorro], Manière de voir, n.193, fev.-mar. 2024.
6 Jack Mirkinson, “Biden is mad at Netanyahu? Spare me” [Biden está bravo com Netanyahu? Poupe-me], The Nation, Nova York, 13 fev. 2024.
7 Colleen Long, “Biden says he doesn’t know whether Israel is holding up peace deal to influence 2024 US election” [Biden diz não saber se Israel está bloqueando acordo de paz para influenciar eleição nos EUA em 2024], Associated Press, 4 out. 2024.
8 Tovah Lazaroff, “Netanyahu to Biden: ‘From one zionist to another, thank you for 50 years of friendship’” [Netanyahu a Biden: “De um sionista a outro, obrigado por 50 anos de amizade”], The Jerusalem Post, 25 jul. 2024.
9 Ler “Quel avenir pour Gaza?” [Que futuro para Gaza?], Le Monde Diplomatique, jun. 2024.
10 Gilbert Achcar e Michel Warschawski, La Guerre des 33 jours. La guerre d’Israël contre le Hezbollah au Liban et ses conséquences [A Guerra dos 33 dias. A guerra de Israel contra o Hezbollah no Líbano e suas consequências], Paris, Textuel, 2007.
11 Adam Raz, “A brief history of the Netanyahu-Hamas alliance” [Uma breve história da aliança Netanyahu-Hamas], Haaretz, Jerusalém, 20 out. 2023.
12 Muhammad Dayf, “‘Nous annonçons le début du Déluge d’Al-Aqsa’” [“Anunciamos o início do Dilúvio de Al-Aqsa”], Oasis, 8 nov. 2023.
13 “Israel says it has secured $8.7 billion US aid package” [Israel diz que garantiu pacote de ajuda de US$ 8,7 bilhões dos EUA], Reuters, 26 set. 2024.
14 John Paul Rathbone, “Can Israel destroy Iran’s nuclear facilities by itself?” [Israel pode destruir sozinho as instalações nucleares do Irã?], Financial Times, Londres, 4 out. 2024.