Via Brasil de Fato
Operação militar evacua 40 mil palestinos de campos de refugiados, e ministro da Defesa fala em estadia durante próximo ano.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, por sua sigla em inglês) invadiram neste domingo (23) a Cisjordânia, pela primeira vez desde sua ofensiva na região em 2002. Com tanques de guerra, os militares expandiram a operação no norte, na cidade de Jenin.
Tropas do Exército israelense deram início aos ataques ao redor da maior cidade de Cisjordânia, com cerca de 50 mil pessoas. A ofensiva na região começou há um mês, quando o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou uma “operação militar significativa e em grande escala” contra os militantes palestinos de Jenin.
Desde então, a ofensiva militar estava se expandido gradativamente para outros locais da área que abrigam campos de refugiados. A população já temia que o território poderia se transformar em uma “segunda Faixa de Gaza”.
Segundo a agência palestina de notícias Wafa, essa nova ofensiva deixou um saldo de “ao menos 27 mortes, dezenas de feridos, mais de 160 detidos e destruição generalizada” na região.
Ainda de acordo com eles, os militares iniciaram buscas em casas enquanto destruíram estradas, linhas de energia, encanamentos de água e veículos civis.
“Essas demolições são frequentemente parte de uma estratégia mais ampla para expandir assentamentos israelenses ilegais e limpar terras para ocupação futura, ao mesmo tempo em que limitam severamente a capacidade dos palestinos de manter uma presença em suas terras”, afirmou a Wafa.
A invasão ocorre ao mesmo tempo em que o ministro da Defesa, Israel Katz, anunciou que os militares esvaziaram três campos de refugiados no norte da Cisjordânia. “40 mil palestinos já foram evacuados dos campos de Jenin, Tulkarem e Nur Shams, e esses campos agora estão vazios”, disse.
Katz declarou também que tinha ordens de não permitir que moradores da região retornassem. Além disso, segundo o ministro da Defesa, há uma instrução para que os soldados israelenses se preparem para uma estadia prolongada nos campos de refugiados durante o próximo ano.
Essa ação na Cisjordânia é mais uma violação de Israel. No sábado (22/02), o Hamas já havia denunciado uma “flagrante violação” dos termos do cessar-fogo após o governo de Netanyahu decidir adiar a libertação de presos palestinos.
O grupo palestino entregou uma nova leva de reféns a Tel Aviv, cinco dos seis últimos prisioneiros a serem liberados na primeira fase do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que começou em 29 de janeiro.
Em contrapartida, 620 presos palestinos seriam libertos de acordo com a trégua. De acordo com a Autoridade de Radiodifusão Israelense, a suspensão ocorreu deliberadamente pelo governo de Netanyahu, alegando que a medida seria uma retaliação pelo erro do grupo palestino em relação aos restos mortais de Shiri Bibas.
O Hamas pediu aos mediadores do acordo que pressionem Tel Avivi para cumprir o que foi acordado na trégua.
A primeira etapa do acordo de cessar-fogo, que tem duração de 42 dias, termina em 2 de março. A segunda e próxima fase prevê a retirada gradual das tropas israelenses do território palestino.
Artigo original publicado em Opera Mundi.
Israel descumpre acordo de cessar-fogo e mantém 602 palestinos prisioneiros
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, determinou o descumprimento do acordo de libertação de prisioneiros palestinos, que devia ser realizado neste domingo (23). Milhares de palestinos aguardavam a libertação dos 602 prisioneiros, ação que é parte do acordo de cessar-fogo iniciado em 19 de janeiro.
“Foi decidido adiar a libertação de terroristas planejada até que a próxima libertação de reféns seja garantida sem as cerimônias humilhantes”, informou o gabinete de Netanyahu, em referência aos atos realizados durante a libertação de israelenses pelo Hamas.
O Hamas acusou Israel de “violação flagrante” do acordo de cessar-fogo e pediu aos mediadores internacionais, “em particular os Estados Unidos”, que “pressionem o inimigo para que […] liberte imediatamente este grupo de prisioneiros”.
Neste sábado (22), o Hamas cumpriu a última parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo com Israel, libertando seis prisioneiros israelenses. Todos foram entregues à Curz Vermelha. Tal Shoham e Avera Mengisto, foram libertados em Rafah, cidade ao sul de Gaza.
Depois de algumas horas, foram libertados Omer Shem, Eliya Cohen e Omer Wenkert, no campo de Nuseirat, região central de Gaza. O último prisioneiro, Hisham Al-Sayed, foi entregue ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no final do dia.
Assim como em libertações anteriores, o Hamas apresentou cinco prisioneiros em um palco antes de entregá-los ao CICV, procedimento que já havia sido criticadas por esta organização, pela ONU e por Israel. Após a liberação, Netanyahu afirmou que a libertação dos presos palestinos não acontecerá “até que se assegure a próxima libertação de reféns sem as cerimônias humilhantes”.
Mesmo com o avanço na liberação de prisioneiros, o chefe do Estado-maior de Israel, tenente-general Herzi Halevi afirmou que as forças do país estão preparando “planos ofensivos”, sem dar detalhes sobre as possíveis ações militares.
A primeira fase do acordo se encerra em março. Ainda há incertezas se será possível alcançar a segunda fase, que colocaria fim ao genocídio israelense em Gaza. Em mais de um ano de ataques, mais de 47 mil pessoas morreram, a maior parte delas, mulheres e crianças. Dos 251 sequestrados em 7 de outubro, 62 continuam em cativeiro em Gaza, dos quais 35 estariam mortos, segundo o exército israelense.
Desde que a trégua entrou em vigor, 29 reféns israelenses – quatro deles mortos – foram entregues a Israel, em troca de mais de 1.100 detentos palestinos. Segundo o Hamas, que governa Gaza desde 2007, resta ao grupo apenas entregar quatro corpos de reféns a Israel antes do fim da primeira fase do acordo.
As negociações indiretas para a segunda etapa, que deve resultar no fim definitivo da guerra, foram adiadas.
*Com AFP