Direitas confirmam a sua maioria, mas esquerda afirma oposição

Resultados finais confirmam derrocada do SPD e vitória da direita e extrema-direita. Partido da Esquerda quase duplica votação face a 2021, atingindo os 8,8% e abrindo caminho à oposição de esquerda.


Os resultados finais das eleições na Alemanha dão a vitória ao partido da Democracia Cristã (CDU), com entre 28,5 pontos percentuais e 208 assentos parlamentares. A extrema-direita (AfD) ficou num segundo lugar confortável com 20,8 pontos percentuais e 152 deputados. No entanto, a esquerda (Die Linke) conseguiu 8,8 pontos percentuais e 64 deputados, duplicando a votação das últimas legislativas e confirmando a tendência de crescimento registada nas sondagens ao longo dos últimos meses.

O partido social-democrata (SPD), que lidera a atual coligação de governo, ficou a mais de quatro pontos percentuais da extrema-direita, com 16,4 pontos percentuais. É o seu pior resultado de sempre em eleições federais. O partido verde desceu em 3% e ficou em quarto lugar, com 11,6 pontos percentuais.

Já o partido liberal (FDP) e o partido liderado por Sarah Wagenknecht (Aliança Sarah Wagenknecht) ficaram de fora do parlamento, não tendo conseguido chegar aos cinco pontos percentuais necessários para entrar no parlamento. O líder do partido liberal, Christian Lindner, demitiu-se devido aos resultados do partido, enquanto Sarah Wagenknecht afirmou que irá contestar o resultado e o processo de voto devido a alegadas dificuldades com o voto no estrangeiro.

Em primeiras reações, o secretário-geral do SPD, Matthias Miersch, descreveu os resultados como uma “derrota histórica”, admitindo uma “noite amarga”. A CDU já afirmou perentoriamente, através do seu secretária-geral, Carsten Linnemann, que voltará ao poder com um governo liderado por Friedrich Merz. Caberá agora ao partido da democracia cristã negociar uma coligação para governar o país. À partida, a CDU precisará apenas do SPD para governar.

Olaf Scholz, o atual primeiro-ministro, já admitiu que está de saída e não participará em negociações com a CDU para formar governo.

A líder da AfD, Alice Weidel, diz que foi contactada por Elon Musk com uma mensagem de parabéns. O homem mais rico do mundo e aliado próximo de Trump já tinha apoiado publicamente o partido da extrema-direita alemã e participado num comício.

Esquerda surpreende e afirma-se como oposição

Quando as eleições foram convocadas, o Die Linke corria, segundo as sondagens, o risco de ficar de fora do parlamento, por não obter os cinco pontos percentuais necessários. Mas, ao longo das últimas semanas, as sondagens começaram a indicar que o partido voltava a ganhar apoio entre os cidadãos e as cidadãs da Alemanha.

Com o resultado que obteve, o partido da esquerda quase duplicou o resultado obtido em 2021 e regressa a um resultado próximo das eleições federais de 2017, onde conseguiu 9,3%. Face à descida do SPD (que poderá perder quase 10 pontos percentuais), e à incapacidade da Liga Sarah Wagenknecht de entrar para o parlamento, o Die Linke afirma-se como a oposição de esquerda ao governo que será formado pela CDU.

É um resultado que também contraria as eleições europeias de 2024, onde o partido da esquerda teve 2,7% dos votos, ficando atrás da Liga Sarah Wagenknecht e dos liberais, e elegendo apenas 3 eurodeputados.

Segundo o Guardian, o Die Linke terá ganho por larga margem os votos dos jovens entre os 18 e os 24 anos, com cerca de 25% dos votos, deixando em segundo lugar a AfD, com 20%..