Manifestantes seguem nas ruas no Irã, mesmo após o anúncio de suspensão das atividades da polícia da moral 

 Por Redação Radar Internacional 

 

No último sábado (3) o Procurador-Geral do Irã Mohammad Jafar Montazeri anunciou que a "polícia da moralidade" estava suspendendo suas atuações de repressão. Em seu comunicado ele diz que a "A polícia da moralidade não tem nada a ver com o Poder Judiciário", afirmando que essa medida não encerra a política de vigilância do comportamento. Disse ainda que o Poder Legislativo e Judiciário – que tem composição de ampla maioria conservadora – já estava discutindo alterações na lei que obriga o uso da hijab, de 1984. 

No mesmo dia o presidente ultra conservador Ebrahim Raisi já tinha declarado que a Constituição iraniana "tem valores e princípios sólidos e imutáveis", mas que há métodos de aplicação que podem "ser mudados". 

Essa movimentação vem após três meses de protesto contra o regime teocrático que domina o Irã desde a derrota do processo revolucionário de 1979. Os protestos se iniciaram após o assassinato de Mahsa Amini pela polícia da moral. O Radar Internacional publicou artigos de opinião que analisavam os protestos (confira aqui)

Os protestos estão em dinâmica de arrefecimento nas últimas duas semanas, porém não cessaram após o anúncio do governo. Durante a semana iniciou-se um movimento de comerciantes e pequenos proprietários que fecharam suas lojas em apoio as manifestações e aderirem ao chamado de greve, que durou 3 dias. No dia de hoje (7) está convocada uma manifestação para a Praça Azadi (Liberdade), uma das maiores de Teerã.  

O governo reage com uma forte repressão e perseguição aos manifestantes. As forças do estado admitem já mais de 300 mortos nas manifestações. Organizações que atuam na defesa dos direitos humanos no Irã apontam mais de 500 mortos, entre eles há crianças. Há ainda a possibilidade de pena de morte contra manifestantes detidos, que vão a julgamento nos próximos dias. 

 

(Informações retiradas de UOL, Esquerda.net, Folha e BBC)